TOYOTEIRO
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Categoria de transporte misto popular no sertão nordestino, operado por jipes Toyota alongados e transformados em veículos de uso coletivo. Sucedâneos modernos dos tradicionais caminhões pau-de-arara, os primeiros foram construídos na década de 60, embora sua difusão em maior escala tenha ocorrido a partir de meados dos anos 80. Presentes em todos os estados do Nordeste e mesmo no Norte (no Acre chegou a existir cooperativa com 300 associados), solucionam o problema da mobilidade e transporte de pequenas cargas em regiões com ausência de transporte regular ou em condição de solo difíceis. No Norte, são os únicos que conseguem trafegar nos tempos de chuvas.
“Onde passa o jumento, o Toyota passa“, contam com orgulho os toyoteiros nordestinos. Carinhosamente considerados “as limusines do sertão”, resultam do alongamento de jipes Toyota Bandeirante em um metro, com adição de duas (e excepcionalmente quatro) portas, capota de lona com estrutura reforçada e grande bagageiro no teto. Com isto, ficam preparados para transportar pelo menos 12 passageiros e grande quantidade de carga.
O principal centro de produção do veículo é Brejo da Madre de Deus (PE) onde, em 2005, havia 20 oficinas especializadas no serviço, modificando entre 30 e 40 carros por mês. Principal atividade econômica do município, lá também se desenvolvia um comércio paralelo de peças descartadas na transformação, avidamente procuradas por compradores de todo o país. A maior oficina da cidade, Toyodênis, microempresa de Edmilson Dênis dos Santos, com 27 empregados e oito alongamentos/mês, operava desde 1993, já tendo até então preparado mais de 900 jipes.
O Detran de Pernambuco tinha 7.200 toyoteiros registrados em todo o estado, em 2005 (1.300 só em Brejo da Madre de Deus). Calcula-se existirem em torno de 10.000 em todo o país, o que representa a espantosa proporção de 10% dos pouco mais de 100.000 jipes fabricados pela Toyota em seus 40 anos de produção nacional.
- Dois Toyotas alongados operando em Brejo da Madre de Deus (PE), em 1999; note a sofisticação das rodas cromadas (foto: Josenildo Tenório / O Globo).
- Toyota alongado matriculado em Fortaleza (CE) e fotografado no Rio Grande do Norte, em 2011, operando em serviços turísticos (foto: Andrew Holliday).
- Se os toyoteiros cumprem importante função social em áreas rurais, se constituem em forma ilegal de transporte ao operarem em cidades maiores, com serviços regulamentados; na imagem, ponto terminal nos subúrbios de Recife (PE), em 2005; a partir desse local os passageiros devem utilizar o sistema integrado de transporte urbano da capital (foto: 4 Rodas).
- Toyota de seis portas de Caruaru (PE) (foto: Erly Henrique Silva).
- Toyota Bandeirante da última geração, alongado para o serviço nordestino de toyoteiros; muito bem cuidado, o carro foi fotografado em 2012 em Caruaru (PE) (foto: Herly Henrique Silva).
- Diversos Toyotas alongados no "ponto", em Santa Cruz do Capiberibe (PE), em 2005 (fonte: site pemais).
- Toyotas de seis portas de Surubim (PE); a imagem, de abril de 2015, capta manifestação de toyoteiros contra o disciplinamento da operação determinada pela prefeitura da cidade (fonte: site visaosurubim).
- Transformado em Natal (RN), este Toyota alongado em 1,20 m operava na ilha de Fernando de Noronha; a foto é de 2011 (fonte: site 4x4brasil).
- A seguir, cinco Toyotas 1994 transformados encontrados em Tibau do Sul (RN) em setembro de 2024, ...
- .. três com quatro portas de lona, ...
- ... a caminho da travessia para Barra do Cunhaú, ...
- ... um de 1983, no centro da Vila, com suspensão elevada e quatro portas metálicas ...
- ... e um 1994 com seis portas de lona (todas as fotos: LEXICAR).
- No centro de Barra do Cunhaú (RN), um Toyota 1994 com seis portas metálicas e faróis circulares não originais (foto: LEXICAR).
- O Toyota anterior em vista posterior; note a localização do pneu de reserva (foto: LEXICAR).
- Também em Barra do Cunhaú, um Toyota alongado com apenas duas portas, bancos longitudinais e acesso pela traseira (foto: LEXICAR).