RENHA |
O carioca Paulo Sérgio Renha, campeão brasileiro de motonáutica e recordista da travessia marítima Rio-Santos em lancha, teve rica experiência como projetista de carros: concebeu alguns modelos para a Emis, projetou o chassi do buggy Terral e o esportivo Dimo, ambos para a Fibrario, desenvolveu o Jornada para a NBM e participou da construção do kart de seis rodas, inspirado no Tyrrell Fórmula I de 1976, exposto no stand da Norma Escapamentos no X Salão do Automóvel.
Em 1977 Paulo criou sua própria empresa – Renha Indústria e Comércio de Veículos Ltda. –, no Rio de Janeiro, onde iniciou a fabricação do original triciclo com motor Volkswagen boxer, que levou o seu nome. Concebido anos antes, o veículo encontrou dificuldades para legalização, já que a legislação de trânsito de então não previa a categoria “triciclo”. As primeiras unidades foram construídas pela Norma. Primeiro veículo do tipo a ser projetado no país, até hoje o Renha se diferencia dos demais por sua ainda moderna carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro cobrindo chassi e conjunto mecânico e moldando a base dos dois assentos.
Anunciado como “o cavalo de aço do ano 2000“, o modelo 1977 foi mostrado no final do ano anterior, no X Salão do Automóvel. Mais potente, agora equipado com motor 1600 com dois carburadores e 65 cv (a gasolina ou álcool), recebeu nova suspensão traseira, com braços tensores longitudinais e molas helicoidais, rodas de magnésio, freios (ainda a tambor) com um circuito para cada roda, amortecedor de direção, guidão regulável e conta-giros. Também a carroceria foi alterada, ganhando para-lamas mais largos, espaço para mais um passageiro e dois pequenos roletes na extremidade traseira para evitar o empinamento excessivo do veículo nas partidas. Era vendido completo ou em kits.
Em 1978 a empresa lançou a picape Formigão, montada sobre plataforma VW 1600 sem alterações mecânicas. Também construído em fibra de vidro, tinha original dianteira em cunha, com linhas retas, para-brisa e superfícies planos e vistosos para-choques de fibra na cor preta, o dianteiro englobando grade falsa e faróis retangulares do Fiat 147 e, o traseiro, a placa de matrícula e as lanternas da Variant. A caçamba, que dispunha de tampa traseira, tinha capacidade para 650 kg (ou 724 litros, até a borda); sua plataforma de carga, no entanto, não era plana, já que e Renha não pôde utilizar motores “planos” (da Variant), pois a Volkswagen alegou não fornecê-los para terceiros. Atrás dos bancos (equipados com cintos de segurança de três pontos) ficavam bateria, estepe e um espaço para objetos. O carro podia ser fornecido em versão Luxo, quando ganhava rodas de liga, pneus radiais, bancos de couro reclináveis, volante esportivo e conta-giros. Como opcionais, havia estrado de madeira e cobertura de lona para a caçamba, engate para trailer e motor de ventoinha baixa (adquirido a preço de mercado junto à rede de concessionárias).
Paulo Renha manteve sua empresa até 1980, quando seu amigo Eduardo de Miranda Santos fundou a Emis e Paulo a ele se associou para a produção do triciclo nas instalações da nova empresa. Quanto ao Formigão, foi relançado em 1986 pela Coyote, tendo suas matrizes e direitos de fabricação sucessivamente transferidos para CBP e Menon, que não chegou a retomar a produção. Em 1986 Paulo Renha criou o estaleiro Real Power Boats, em Queimados (RJ), passando a se dedicar à indústria naval.