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KA FREESTYLE

A Ford já tem seu "aventureiro"

junho 2018

Foi a Ford quem inaugurou a categoria dos “utilitários esportivos” no Brasil ao lançar, no já remoto ano de 2003, o EcoSport. Talvez por ser dona de um verdadeiro SUV a empresa andou meio despreocupada em introduzir versões “aventureiras” em sua linha. Embora sejam estas falsos SUVs, meramente automóveis equipados com adereços esportivos típicos dos veículos fora-de-estrada e que em nada alteram o comportamento do carro em situações mais rudes de utilização, definem um mercado importante e uma categoria que não para de crescer. Toda a concorrência possui o seu modelo.

No Salão do Automóvel de 2016 a Ford ensaiou sua entrada no segmento com o discretíssimo Ka Trail, que não chegou a mostrar ao que veio e é agora substituído pelo Ka FreeStyle, um “aventureiro” de verdade (se é que o termo “verdade” cabe numa categoria que já é, por si só, um… fingimento).

Carro mundial cuja campanha de vendas acaba de ser iniciada no país, foi desenvolvido por equipe mista de brasileiros, indianos e chineses a partir do Ka hatch de série (na Europa será lançado com o nome Ka+ Active). O projeto manteve íntegro o desenho original da carroceria – a menos dos novos para-choques -, porém decorou-a com todos os elementos usualmente aplicados nos carros da categoria: arcos das rodas, rodapé e base dos para-choques em plástico negro, apliques prateados na face inferior da dianteira e traseira, fundo dos faróis e capas dos retrovisores também em preto, tela da grade em novo padrão com logotipo transferido para o centro, lanternas traseiras escurecidas, rack no teto e rodas de liga de 15″ na cor grafite. Com os novos para-choques, o comprimento total aumentou sete centímetros.

O carro chega com novo motor flex de três cilindros, 1.497 cm3 e 128/136 cv, novo câmbio manual de cinco marchas (com engates mais precisos e 9 kg mais leve) ou automático de seis marchas (pela primeira vez num Ka nacional) e direção elétrica com assistência progressiva. A suspensão foi reforçada e recalibrada, mas o vão livre para o solo elevado em somente 1,7 cm. As bitolas cresceram 3 cm. Equipado com pneus de asfalto, o carro vem com freios a disco (ventilados) apenas na dianteira.

Para compensar o péssimo desempenho do Ka nos testes de segurança Latin NCAP (nota zero para ocupantes adultos), o FreeStyle teve a carroceria reforçada com aços mais rígidos e espessos nas colunas, teto e assoalho e novas barras protetoras nas portas.

O interior recebeu toques de sofisticação nas cores, materiais e equipamento. Bancos de couro e tecido canelado, revestimento das laterais em castanho e cinza, painel em tom castanho com novo desenho na parte central, que recebe tela multimídia de 6,5″ sensível ao toque. O carro vem, de série, com ar condicionado, “trio elétrico”, volante multifuncional com regulagem de altura, luzes de direção nos retrovisores, seis airbags (frontais, laterais e de cortina), engates Isofix para duas cadeiras infantis, faróis de neblina, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré.

Com o lançamento do FreeStyle, subsiste somente outra versão na linha Ka: a básica S, com motor de um litro.

 

     

Ford Ka FreeStyle

 

 





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TIGGO 2

CAOA e o renascimento da Chery


A Chery foi a primeira e até hoje a única indústria chinesa de automóveis a se instalar no Brasil. Entre dezenas de fabricantes chineses prometendo a nacionalização de carros, caminhões e máquinas agrícolas, pouquíssimos cumpriram o que prometeram, e somente ela, entre os automóveis, chegou a inaugurar fábrica própria. A produção foi iniciada em abril de 2015. Pouco mais de dois anos e meio depois, em outubro de 2017 – período em que forneceu carros medíocres em quantidades pífias e com reduzidíssimo índice de nacionalização, com menos de 20 revendas ativas e em meio a (mais uma) longa greve por descumprimento de obrigações trabalhistas – a matriz chinesa colocou à venda o controle da filial brasileira.

Já no mês seguinte a CAOA, montadora de veículos Hyundai em Goiás, firmava Termo de Cooperação Estratégica com o grupo chinês, mediante o qual adquiria 50% do controle dos negócios da Chery no Brasil, assumia a administração da sua planta de Jacareí (SP) e se responsabilizava pela comercialização da marca em toda a América do Sul. Os veículos resultantes da união seriam identificados como CAOA Chery.

Rapidamente a dinâmica administração da CAOA trouxe seus frutos: no início de abril, depois de longo ostracismo (somente 2.730 carros da marca foram vendidos em 2017), a Chery volta a dar sinais de vida com o lançamento do primeiro modelo da nova fase – o Tiggo 2, significativamente um SUV, o must atual de qualquer grande fabricante no mundo.

 

     

CAOA Chery Tiggo 2

 

Desenvolvido a partir do hatch Celer (porém levemente maior: 2 cm mais longo, 8 mais largo e 9 mais alto), a rigor se trata de uma versão “aventureira” do modelo, com carroceria alterada na dianteira e na traseira, interior redesenhado e suspensão elevada, proporcionando 18,6 cm de vão livre. O carro trouxe visível melhoria na qualidade de montagem e acabamento, denunciando ações corretivas da nova administração. Aparentemente por falta de tempo hábil, materiais de acabamento interno mais frágeis e de pior aspecto não chegaram (ainda?) a ser alterados.

Arquitetura e características mecânicas são as mesmas do Celar: motor transversal dianteiro flex de quatro cilindros, 16 válvulas, 1.496 cm3 e 110/115 cv , tração dianteira, câmbio manual de cinco marchas, suspensão independente (dianteira McPherson e traseira por eixo de torção), freios a disco nas quatro rodas (ventilados na frente) e direção hidráulica. (Além da carroceria, as diferenças com relação ao Celer se limitam aos 2 cv adicionais na potência, obtidos graças à utilização de duplo comando de válvulas variável, e aos freios a disco, apenas nas rodas da frente no Celar.) O porta-malas tem 420 l de capacidade.

O carro foi apresentado em duas versões de acabamento: Look e Act. A primeira traz, de série, ar condicionado, rádio, vidros e retrovisores elétricos, computador de bordo, rodas de liga de 16″, rack no teto, luzes de direção nos retrovisores, iluminação no porta-malas, vidro traseiro com limpador, lavador e desembaçador, luz diurna com leds, monitoramento de pressão dos pneus e sensores de estacionamento traseiros.

À versão Act são adicionados volante revestido de couro, ar condicionado digital, volante multifuncional, central multimídia com tela de 8″, piloto automático, controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, câmera traseira e teto solar elétrico.

Apesar de bem equipado, o Tiggo 2 peca pela ausência de alguns itens: além da direção hidráulica – e não elétrica, como já é comum -, não conta com airbags laterais, nem com regulagem em profundidade do volante ou acendimento automático dos faróis. Outro ponto negativo é o reduzido índice de nacionalização: somente 11% de componentes têm origem local, todo o restante sendo importado da China.

Em paralelo com seu primeiro lançamento, a CAOA Chery inicia a expansão da rede de concessionárias (cinco novas revendas foram criadas neste curto período) e começa a investir na melhoria qualidade dos serviços de pós-venda.

 

 

 





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