Tradicionalmente conservadora em sua política industrial e em seus lançamentos no Brasil, a Toyota surpreende com a quinta geração nacional do sedã Corolla. Oferecendo novidades tecnológicas e design muito mais moderno, o fabricante espera continuar agradando seus clientes tradicionais, ao mesmo tempo que atrai interessados mais jovens e ousados. Oficialmente apresentado em setembro, o Corolla 2020 pode ser visto como revolucionário em vários sentidos, quando comparado com seus antecessores nacionalizados:
- acompanha a versão europeia (e não a norte-americana, como usual), aproximando-se do estilo quase esportivo de traseira curta – tipo hatchback – do Honda Civic e finalmente perdendo seu ar de “carro de tiozão”;
- teve, pela primeira vez, seu motor nacionalizado (desde a primeira versão, de 1998, o conjunto propulsor era importado do Japão);
- o novo motor vem dotado de duas soluções inéditas: ciclo Atkinson (e não Otto), com alta taxa de compressão de 13:1, permitindo reduzir consumo e poluição, e sistema alternado de injeção indireta para baixas rotações e direta para altas, resultando em aumento de 15% na potência (20 cv) e redução de 9% no consumo em relação ao motor anterior;
- pela primeira vez traz suspensão totalmente independente (multibraço com molas helicoidais em lugar de eixo de torção);
- também traz nova transmissão automática continuamente variável com inédito par de engrenagens de primeira marcha, para maior agilidade nas saídas a partir da imobilidade (o conjunto é importado do Japão);
- vem acompanhado de uma versão híbrida – o primeiro fabricado em grande série no país – e, cumulativamente,
- é o primeiro híbrido do mundo a utilizar motor flex (etanol-gasolina, com tecnologia desenvolvida no Brasil).
Estreando a nova plataforma TNGA (Toyota New Global Architecture), o novo Corolla chega com cerca de 70% de conteúdo nacional (60% na versão híbrida), índice nunca antes atingido pelo modelo. Somente 25% dos componentes utilizados na versão anterior foram reaproveitados. Apesar da nova plataforma, o carro pouco mudou em dimensões: manteve a distância entre eixos (2,70 m), cresceu um centímetro no comprimento e meio na largura e teve a altura reduzida em dois centímetros. Também a capacidade do porta-malas não foi alterada (470 litros). A utilização de aços de alta resistência aumentou em 60% a rigidez da carroceria; a área envidraçada cresceu.
O novo Corolla foi apresentado em cinco versões – três a combustão e, as duas superiores, híbridas. Todos possuem tração dianteira, suspensão independente (McPherson na frente, multibraço atrás), freios a disco nas quatro rodas (ventilados na dianteira) e direção com assistência elétrica.
As versões a combustão (GLi, XEi e Altis 2.0), trazem o novo motor nacional aspirado de quatro cilindros em linha, com 1.985 cm3, 169/177 cv, injeção direta para altas rotações e indireta para baixas, duplo comando de válvulas acionado por corrente, quatro válvulas por cilindro e abertura variável das válvulas de admissão e escapamento. Todos vem com o novo câmbio automático CVT Direct Shift, com dez marchas (nove simuladas) e trocas manuais pela alavanca ou por borboletas no volante.
A menos do logotipo com fundo azul na grade frontal, dos filetas azuis nos faróis de led e do termo Hydrid aposto nas laterais e na tampa traseira, em mais nada o Corolla Hybrid se diferencia externa e internamente das versões a combustão. Totalmente diferente é o sistema de propulsão, composto por um motor 1.8 flex acoplado por conversor de torque a transeixo (Hybrid Transaxle) especialmente desenvolvido para os modelos híbridos da marca – engenhoso conjunto compacto integrando dois motores-geradores elétricos a câmbio automático com engrenagens cilíndricas (ao operar em conjunto com os motores elétricos, o câmbio reduz ou aumenta continuamente as marchas de acordo com a demanda do motor).
Mais simples do que o 2.0, o motor a combustão do Hybrid tem quatro cilindros, 1.798 cm3, 98/101 cv, injeção direta, duplo comando de válvulas acionado por corrente, quatro válvulas por cilindro e abertura variável das válvulas de admissão. Os dois motores-geradores elétricos têm potência equivalente a 72 cv, cada. A potência máxima combinada dos motores elétricos e a combustão é de 122 cv. A bateria de tração de níquel-hidreto metálico (201 V, 1,31 kW.h) está localizada sob o assento traseiro. De acordo com medições do Inmetro, o consumo urbano da versão híbrida é de 16,3 km/l de gasolina; o consumo energético é de 1,38 MJ/km, ainda menor do que, por exemplo, do pequeno Renault Kwid 1.0 (1,39 MJ/km). Tanto o transeixo híbrido como o motor 1.8 são importados do Japão.
Toyota Corolla Altis Hybrid Premium.
É o seguinte o conteúdo de cada uma das versões:
- GLi: sete airbags (dois frontais, dois laterais, dois de cortina e para joelhos do motorista), ar-condicionado, faróis com ajuste de altura e acendimento automático, controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, câmera de ré, sistema multimídia com tela de 8″, computador de bordo com tela de 4,2″, retrovisores externos com rebatimento elétrico, rodas de liga leve de 16″.
- XEi: agrega ainda ar-condicionado digital, chave presencial para travar/destravar portas, partida por botão, transmissão com modo “Sport”, aletas no volante para troca manual de marchas, controle de velocidade de cruzeiro, bancos revestidos em couro, retrovisor interno fotocrômico, farol de neblina com leds e rodas de liga leve de 17″.
- Altis 2.0 e Altis Hybrid: os equipamentos anteriores, mais farol e lanternas em leds e pacote de segurança ativa Toyota Safety Sense (câmera e radar que monitoram frenagem automática de emergência, alerta de saída da faixa de rodagem, controle de velocidade, mantendo distância segura do carro à frente, e assistente de faróis, mudando o facho ao detectar veículo em direção contrária).
- Altis Hybrid Premium: ainda inclui teto solar elétrico basculante e deslizante, interior em duas cores, banco do motorista com ajuste elétrico, rebatimento automático dos retrovisores, sensor de chuva, ar-condicionado de duas zonas, lanternas traseiras com leds, moldura cromada nas janelas e rodas 17″ diamantadas.
A garantia passa a cinco anos em toda a linha, com oito anos para os componentes do sistema híbrido. O Corolla é produzido na fábrica de Indaiatuba, de onde já saiu mais de um milhão de unidades do modelo. Líder do seu segmento há cinco anos consecutivos, hoje domina 45% do mercado.
A nova geração promete uma brilhante carreira para a Toyota: no início de outubro, menos de um mês desde o lançamento, mais de 2.500 unidades já haviam sido emplacadas no país, 400 delas híbridas. A demanda superou em 30% a expectativa do fabricante.