NOVO CITROËN C3
Tentando renascer como marca popular
outubro 2022
A produção nacional da Citroën teve início em fevereiro de 2001, em fábrica conjunta com a Peugeot. Seu primeiro modelo foi o monovolume Xsara Picasso, de grande sucesso. Dois anos depois chegou o hatch C3, havia pouco mais de um ano apresentado no Salão de Frankfurt. Com ele, a Citroën lançou o conceito mercadológico “compacto premium”, logo seguido por outros fabricantes.
O preço elevado do C3, contudo, limitou sua penetração no mercado e, com o tempo, apesar dos novos lançamentos, o acirramento da concorrência acabou por afastar a marca da preferência do comprador. Em 2018, na contramão do mercado, as vendas internas da Citroën encolheram mais de 20%, resultando em pífios 0,82% de participação no país. Naquele ano, pela primeira vez a empresa deixou de participar do Salão do Automóvel.
Buscando reverter a situação, já em outubro de 2019 a PSA – controladora da Citroën e Peugeot – anunciou grandes investimentos em sua planta brasileira visando a produção da nova plataforma modular compacta CMP, destinada aos futuros C3 e Peugeot 208. Ainda assim o ano chegou ao fim com números ainda piores: agravada pela quebra de 35% nas exportações para a Argentina, a produção caiu quase 33% e a participação interna foi ainda menor.
Coincidentemente, em dezembro do mesmo ano Fiat e PSA decidem unir seus negócios mundiais, em fusão concluída em janeiro de 2021 sob a marca Stellantis. Planos para o Brasil foram rapidamente traçados. Sem detalhes técnicos, em setembro foram mostradas as primeiras imagens do novo C3. Projetado na América do Sul a partir de design francês, o pequeno hatch com visual de mini-SUV estrearia no Brasil a nova plataforma CMP. Segundo comunicado oficial, seria o primeiro de uma família de três veículos destinados ao mercado internacional.
Dois meses depois foram apresentados os planos de crescimento do Grupo para a região, com previsão de até 2024 quadruplicar a participação no Brasil e dobrar na Argentina. O plano compreendia o reposicionamento da marca no mercado, transitando da categoria premium para popular, com foco em produtos concebidos e desenvolvidos na região. Este foi o quadro que conduziu ao atual lançamento.
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Novo Citroën C3 Feel com pintura bi-tom opcional.
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“Único hatch com atitude SUV da categoria“, conforme anunciado pela Citroën, o novo C3 teve sua primeira aparição pública nos últimos dias de agosto, na 45a edição da feira agrícola Expointer, em Esteio (RS). Com 3,98 m de comprimento e 2,54 m de distância entre eixos, veio com rodas de 15″, vão livre de 18 cm e 315 litros de capacidade no porta-malas. Balanços dianteiro e traseiro curtos permitiram ângulo de ataque de 23o e ângulo de saída de 39o, próximos de um verdadeiro utilitário esportivo leve.
O carro chega com duas opções de motor flex – o tradicional 1.6 aspirado de 16 válvulas (1.587 cm3 e 113/120 cv) e, pela primeira vez, um 1.0 (999 cm3 e 71/75 cv, este vindo da Fiat) – e duas de câmbio (manual de cinco marchas e, somente para a versão superior, automático de seis marchas). Tem suspensão dianteira McPherson, suspensão traseira por eixo de torção, freios a disco ventilados na frente e a tambor atrás e direção com assistência elétrica. O novo C3 alcança 70% de nacionalização, chegando a 90% na versão de entrada.
São quatro as versões oferecidas, todas pobres de acabamento e conteúdo, de forma a atender à decisão da Citroën tornar-se marca “popular” no Brasil:
Live 1.0 traz de série câmbio manual, airbags duplos, ar-condicionado, vidros dianteiros e travas elétricos, controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus, luzes de condução diurna, grade e frisos na cor grafite, maçanetas e capa dos retrovisores em preto fosco e rodas de aço com calotas.
Live Pack 1.0 agrega sistema multimídia com tela de 10″ sensível ao toque, computador de bordo, comando de sistema de som e bluetooth no volante, conector USB dianteiro, trava elétrica, banco dianteiro com ajuste de altura e limpador e desembaçador traseiros.
Feel 1.0 ou 1.6 inclui alarme, vidros traseiros elétricos, luzes diurnas de leds, volante com ajuste de altura, dois conectores USB traseiros, grade superior cromada, maçanetas na cor da carroceria, rodas de liga e barras longitudinais no teto na cor preta.
Feel Pack 1.6, por fim, recebe câmbio automático, modo Eco, volante revestido de couro, câmera de ré e rodas de liga diamantadas.
Para comemorar o lançamento foi preparada a série especial de 2.000 unidades First Edition, dotada de diversos itens não disponíveis para os modelos de série, dentre os quais complemento plástico na cor preta na base das portas (denominado airbump), molduras nos faróis de neblina e barras no teto na cor alumínio. Também traz pintura bi-tom, com teto preto ou branco, opcional nas demais versões.
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C3 na série especial First Edition, com acessórios indisponíveis para as versões de série.
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