Depois de investir R$ 1,5 bilhão na modernização da fábrica de São Bernardo do Campo (R$ 1,1 bilhão serão ainda aplicados nos dois próximos anos), no final de outubro a Scania dará início à venda de sua nova geração de caminhões. Lançada na Europa em 2016, toda a família será produzida no Brasil a partir de fevereiro do ano que vem. A geração atual deixa de ser fornecida em dezembro próximo.
Com a nova geração a Scania avança ainda mais na customização do produto, conceito que há mais de uma década vem utilizando, nacional e internacionalmente, na produção e comercialização de seus caminhões. Segundo um executivo da empresa, “não vamos mais produzir 200 ou 300 veículos idênticos como fazemos hoje; (…) com a nova geração de caminhões, um será diferente do outro“. Em lugar de uma “gama de modelos”, haverá ampla oferta de motores de 7 a 16 litros, de chassis modulares e de cabines em 19 configurações, permitindo atender a 35 tipos diferentes de aplicações.
De modo a manejar tamanha variedade de opções, a rede de concessionárias vem sendo treinada “para aprender a vender de outra forma“. Como ferramenta de apoio será utilizado um aplicativo próprio, que recebe informações do comprador do caminhão, como tipo de operação, rotas percorridas e topografia, para então escolher e oferecer a melhor opção dentre as muitas disponíveis.
Os chassis da nova geração são fabricados com aços mais leves e resistentes. O número de opções de distância entre eixos cresceu de cinco para 26 e, de configurações de eixos, de sete para 14. O motor foi reposicionado e o eixo dianteiro deslocado 5 cm para a frente, baixando o centro de gravidade e favorecendo a estabilidade. Os freios foram redimensionados, reduzindo em 5% a distância de frenagem.
Cavalo mecânico S 450 6×2 com cabine estendida – uma das inúmeras configurações possíveis na nova geração Scania.
São agora quatro os motores disponíveis, apresentados com dez diferentes potências: o novo 7,0 l, com 220, 250 ou 280 cv; 9,0 l com 280, 320 ou 360 cv; 13,0 l com 410, 450, 500 ou 540 cv; e 16,0 l com 620 cv. A tecnologia de controle das emissões é EGR (recirculação de gases). Segundo a Scania, graças ao sistema de injeção de alta pressão e múltiplos pontos (XPI), os novos motores são mais econômicos do que os atuais em até 8%. A nova geração está preparada para utilizar biodiesel e diesel sintético (HVO) e terá duas versões específicas para etanol (280 e 400 cv) e três para gás, biometano ou GNV (280, 340 e 410 cv).
Com os novos caminhões também chega nova geração da transmissão automatizada Opticuise (fabricada na Argentina), que permite aumentar a velocidade de troca de marchas em até 50%, praticamente eliminando perda de pressão no turbocompressor; ao manter o giro mais estável, sempre segundo o fabricante, o consumo cai em 2%.
As atuais cabines P, G e R, com sete configurações, dão lugar às novas P, G e R e às inéditas S (topo de linha, com piso plano) e XT (kit adicional às anteriores, para operações fora-de-estrada), totalizando 19 configurações. São três as opções de teto – baixo, normal e alto (respectivamente com 1,50, 1,81 e 2,07 m de vão – 10 ou 16 cm maior do que na linha atual), e três as de comprimento – curta, estendida e leito. Pela primeira vez os caminhões trarão airbags laterais. Desenhadas pelo estúdio Porsche, as novas cabines reduzem o arrasto aerodinâmico, ocasionando economia de até 2% de diesel.
Os novos caminhões chegam com preços de 10% a 15% mais elevados, que a Scania promete compensar com a redução de até 12% no consumo total de combustível, em comparação com a gama atual, ganho proporcionado pela aerodinâmica melhorada, pelo redução de peso dos chassis e pelo maior rendimento de motores e transmissões.
Quatro cabines da nova geração Scania: a partir da esquerda, P, G com kit XT, R e S.