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Com origens tão remotas quanto 1912, a Nissan é uma das mais antigas indústrias japonesas de automóveis. Depois de passar por vários nomes e fabricar veículos com as marcas Dat, Datson e Datsun – com a qual ficou conhecida no Ocidente –, em 1933 assumiu sua denominação definitiva. Em 1953 iniciou a fabricação de automóveis Austin, sob licença britânica, e já na segunda metade da década voltou a produzir carros com projeto próprio. Um desses modelos começou a ser exportado em massa, a partir de 1965, encontrando grande acolhida no mercado norte-americano, pela primeira vez dando à empresa projeção internacional.

Embora estivesse colocada entre os maiores fabricantes japoneses do setor, ao lado da Toyota, Mitsubishi e (mais tarde) da Honda, a Nissan não acompanhou o ritmo de modernização de processos fabris e controles gerenciais nem a redução de custos aos quais aquelas se submeteram, subitamente se surpreendendo em situação pré-insolvente de difícil superação. A saída foi encontrada na associação com a Renault, para a qual, em 1999, vendeu 37% do capital e cedeu a presidência. O “choque administrativo” aplicado pela empresa francesa, envolvendo dispensa de empregados e corte de benefícios, equacionou os problemas econômico-financeiros da Nissan, renovou sua linha de produtos e restituiu a credibilidade que começara a perder.

Entre 1955 e 56, jipes Nissan chegaram a ser fabricados em São Bernardo do Campo (SP), pela Varam, firma que também montava automóveis Nash e Fiat. O veículo, modelo Patrol 4W60, possuía tração nas quatro rodas e motor de seis cilindros com válvulas laterais, 3.670 cm3 e 75 cv. Com “35% a 40%” de conteúdo nacional, cerca de 400 unidades foram concluídas. Não foram levados adiante, contudo, os planos de aumento de produção, visando 3.000 veículos/ano com 70% de nacionalização.

Pelo menos por outras quatro vezes a Nissan sondou a possibilidade de produzir seus veículos no Brasil. Em 1974, por meio de uma comitiva da empresa em visita ao Rio de Janeiro, atendendo a convite do Governo do Estado; em meados da década de 80, em consultas informais ao Governo Federal, com vistas à fabricação de caminhões; em 1991, quando da abertura do mercado brasileiro às importações de veículos, envolvendo quatro empresas, entre as quais a Nissan Ibérica e a Besson Gobbi (fabricante do carro esportivo Miura). Organizado sob o nome Iberbras, o grupo se propunha a montar em Porto Alegre (RS) vans importadas da Espanha em regime CKD, com agregação de alguns componentes locais; no ano seguinte, porém, o foco se deslocou para Pernambuco, em função dos benefícios que o governo estadual ofereceu para que a indústria fosse instalada junto ao porto de Suape. Finalmente, em 1998, o noticiário internacional deu conta da possível produção pela Mercedes-Benz do Brasil de comerciais leves Nissan, desenvolvidos no âmbito do acordo de cooperação mundial assinado entre as duas empresas.

Nenhuma destas tentativas frutificou. Nem mesmo a liberação das importações, que ocorreu em 1990, acelerou a chegada de carros Nissan ao país: somente em junho de 1993 a marca começou a se fazer presente em nossas ruas com os primeiros sport-utilities Pathfinder. Sua vinda definitiva para o Brasil só viria a acontecer anos depois, por vias transversas, em decorrência da assunção do controle da matriz japonesa pela Renault, fato que ocorreria três meses antes da inauguração da primeira planta da Renault em território brasileiro, em São José dos Pinhais (PR).

É sabido que a aquisição da Nissan desde o primeiro momento esteve articulada com a estratégia da Renault de ampliar sua presença mundial, penetrando em regiões onde tinha fraca presença – Américas e Ásia, por exemplo. O que talvez não tenha sido cogitado foi o compartilhamento de instalações industriais: a utilização de plantas da marca japonesa em áreas onde a francesa estivesse ausente e, vice-versa, a divisão de suas linhas de fabricação com a Nissan, onde fosse do interesse comum. Tal foi o que ocorreu no Brasil.

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Cabine-dupla Frontier, de 2002, o primeiro Nissan nacional.

Em janeiro de 2000 a direção central da Renault anunciou a expansão da sua fábrica paranaense, onde seria construída mais uma unidade destinada à montagem de uma linha de veículos comerciais. Em maio foi informado que a usina seria compartilhada com a Nissan, que lá montaria a picape Frontier, o utilitário esportivo Pathfinder (logo substituído pelo XTerra) e mais três carros até 2005, inclusive um “popular”. Em dezembro de 2001 a usina foi inaugurada, de lá saindo os primeiros furgões Renault Master. Em abril de 2002, por fim, chegou a vez da Nissan, compartilhando com a Renault não apenas sistemas de produção, mas também as revendas e 90% dos fornecedores. Suas metas: 20 mil unidades por ano e a conquista de 4% do mercado, até 2010.

Seu primeiro modelo nacional foi a picape Frontier cabine dupla, lançada com índice de nacionalização de 62%. Apresentada em duas versões de acabamento (XE e SE, a mais completa) e duas opções de tração (4×4 e 4×2), vinha equipada com motor diesel MWM Sprint 2.8 turboalimentado, com intercooler e 132 cv. Todas as versões tinham ABS nas quatro rodas, diferencial autoblocante na traseira e distribuidor eletrônico de frenagem EBD de série; duplo air-bag e ar condicionado só estavam disponíveis na versão SE. Externamente as duas se diferenciavam apenas pelos para-choques e arremate dos para-lamas, pintados na cor preta na versão mais simples. A picape nacional seguia o estilo do modelo fabricado (e concebido) nos EUA, e não do japonês, que até então vinha sendo importado.

A PRIMEIRA FRONTIER: SUA FICHA TÉCNICA: chassi tipo escada, cabine dupla com quatro portas, cinco lugares; caçamba com 1,43 m de comprimento; capacidade total de 1 tonelada; 5,07 m de comprimento; vão livre de 21,8 cm; motor diesel MWM longitudinal dianteiro, 12 válvulas, turboalimentado, refrigerado a água, com quatro cilindros em linha, 2.798 cm3 e 132 cv; tração traseira ou 4×4; caixa manual de cinco marchas com reduzida para a versão 4×4; direção hidráulica; suspensão independente na dianteira com braços triangulares duplos e barra de torção e eixo rígido com feixe de molas na traseira; freios a disco ventilados na dianteira e a tambor na traseira, com ABS e EBD.

A rigidez do chassi e a qualidade da suspensão, que davam à Frontier excelente estabilidade e firmeza e equilíbrio de marcha, destacavam-na frente à concorrência. Outros pontos positivos eram o vão livre, o ângulo de ataque e a tampa da caçamba traseira, fechada com chave, permitindo transformá-la em porta-malas quando equipada com cobertura rígida. O escalonamento das marchas, no entanto, retardava a resposta do turbo, que só “liberava” o torque a rotações elevadas do motor; o engate das marchas era impreciso e o da tração integral ainda era manual, por alavanca. Era discreto o espaço no banco traseiro – defeito usual na categoria – e só os assentos das pontas recebiam cintos de três pontos (o do meio era abdominal). Ainda assim a Frontier apresentou predicados suficientes para ser escolhida Picape do Ano 2003 pela revista Autoesporte.

Em abril de 2003 foi lançada a versão cabine simples, com a mesma mecânica do modelo em produção, inclusive o ABS nas quatro rodas. Anunciado como “carro de trabalho”, só foi oferecido na versão básica XE com tração traseira e sem bloqueio do diferencial; também o acabamento interno era mais simples, sem air-bags. Apesar de ter distância entre eixos 30 cm menor e ser 22 cm mais curta do que a versão anterior, sua caçamba era a maior da categoria, com 1,96 m de comprimento, 53 cm a mais do que na cabine-dupla.

O segundo modelo nacional da Nissan saiu em junho, o sport-utility XTerra, utilizando o mesmo chassi e idênticos elementos mecânicos da picape, com a qual compartilhava 50% dos componentes. O índice de nacionalização era reduzido – somente 47%. Assim como a Frontier, o novo carro também foi desenhado e era produzido nos EUA, não estando disponível no Japão. Seguindo a moda, trazia muitos pequenos detalhes mais ou menos úteis para o turismo “de aventura”: bagageiro no teto com cesta plástica e rede de proteção, vários ganchos para fixação de volumes no porta-malas, rack para bicicletas, estojo de primeiros socorros, quatro tomadas de 12V e até bússola. Também disponível nas versões XE e SE, com tração em duas ou quatro rodas, o XTerra não se destacava pelo conforto de marcha, pelo desempenho nem pela estabilidade no asfalto, dado seu peso e altura elevados, mas era bem acabado, tinha interior bem concebido e bom vão livre, adequado para uso fora-de-estrada. A imprensa especializada apontou quatro críticas: barulho excessivo do motor; falta de bloqueio do diferencial; localização do estepe sob o carro, na traseira, sujeito à lama e sujeira após um trajeto off-road; e altura reduzida do assento traseiro, causando desconforto para as pernas dos passageiros. O XTerra era o mais caro utilitário brasileiro da época. Um ano depois, atendendo à legislação ambiental brasileira, XTerra e Frontier ganhariam motor MWM de gerenciamento eletrônico, com a mesma cilindrada, porém com potência elevada para 140 cv.

O PRIMEIRO XTERRA: SUA FICHA TÉCNICA: chassi tipo escada, carroçaria com cinco portas, cinco lugares; compartimento para bagagens com 421 litros; 4,53 m de comprimento; vão livre de 23,5 cm; motor diesel MWM longitudinal dianteiro, turboalimentado, 8 válvulas, refrigerado a água, quatro cilindros em linha, 2.798 cm3 e 132 cv; tração 4×2 traseira ou 4×4; caixa manual de cinco marchas com reduzida; direção hidráulica; suspensão independente na dianteira com braços triangulares e eixo rígido com molas semi-elípticas na traseira; freios a disco ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS e EBD.

Os lançamentos da cabine simples e da XTerra ocorreram em um momento de encolhimento do mercado, quando o segmento caiu quase 46%; as duas novidades, porém, acabaram por fortalecer a posição da Nissan, fazendo-a crescer 10,3% em 2003, chegando a quase 16% de participação em picapes médias. No entanto, produzir apenas veículos utilitários necessariamente manteria restrita a sua presença no mercado (limitada, naquele ano, a irrisório 0,44% do total produzido no país).

Desde sua chegada ao Brasil, a empresa planejava também fabricar automóveis de passeio. A entrada no segmento aconteceu em 2004, porém com um produto importado: no âmbito do acordo comercial entre Brasil e México, passou a trazer o sedã Sentra, de design conservador e acabamento interno extremamente discreto; em troca, assegurou um razoável mercado para suas picapes. As exportações permitiram que a produção atingisse o patamar de dez mil unidades anuais, porém aí estagnou, com tendência a queda. O limitado potencial de crescimento dos modelos nacionais (apenas 1.264 unidades do XTerra foram fabricadas em 2005) levou a matriz à decisão de consolidar o mercado por meio de modelos importados do México. Só mais tarde, quando as vendas internas atingissem a média de 40.000 unidades/ano (era de cerca de 7.000, incluindo os importados), o que deveria ocorrer em quatro anos, segundo acreditava a empresa, a fábrica brasileira se voltaria para a produção local de modelos “de massa”.

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Nissan Grand Livina, lançamento de 2009.

A acirrada competição interna inviabilizou o cumprimento da meta e obrigou a Nissan a alterar seus rumos. Em 2008 o interesse pelos modelos nacionais caíra a tal ponto que a produção mal ultrapassou 5.300 veículos (versus 15.118 automóveis e utilitários importados), muito distante dos 40.000 desejados. A indústria automotiva brasileira encontrava-se no auge do crescimento. Jamais se produzira tanto e a participação da empresa minguava para a inviável taxa de 0,16%.

2009 seria o ano da virada. Pressionada pelo “mundo real”, a Nissan antecipou o programa de lançamentos e, além de nacionalizar a nova Frontier, apresentou o monovolume Livina, seu primeiro automóvel brasileiro. Atualizados e atraentes, os dois carros foram muito bem recebidos pelo mercado e, graças a eles, a Nissan encerraria o ano com dois recordes históricos: 16.908 veículos fabricados e produção mais do que triplicada com relação ao ano anterior. <nissan.com.br>

O que houve de novo a partir de 2008

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séries especiais: Frontier Titanium (10/02), Frontier One (07/03), Frontier Strike (11/03), Frontier Serrana (09/04),  Frontier Attack (10/05), XTerra Ecotrip (07/06), Livina Night and Day (11/10), New March Rio 2016 (03/16), Kicks Rio 2016 (03/16); Versa Sportech e March Special Edition (11/16), Kicks UEFA Champions League (03/19, 01/20, 08/20), Kicks Special Edition (09/19), Novo Kicks XPlay (10/21, 11/22, 09/23)

importados (a partir de 2003): 350Z (do Japão, desde 06/04), Sentra (México, 10/04), X-Trail (Japão, 10/05), nova Pathfinder (Espanha, 10/05), Murano (Japão, 10/06), novo Sentra (México, 04/07), Tiida hatch (México, 07/07) , nova Frontier (Espanha, 03/07; Tailândia, 11/07), Tiida sedã (México, 07/10), March (México, 09/11), sedã Versa (México, 04/12), Altima (EUA, 11/13), Kicks (México, 07/16), GT-R (Japão, 09/16), nova Frontier (México, 03/17; Argentina, 10/18), elétrico Leaf (07/19, Inglaterra), novo Versa (México, 11/20), novo Sentra (México, 03/23)

outras premiações e distinções (modelos nacionais): Nissan (Prêmio AutoData 2002, categoria Veículos Comerciais Leves), Frontier (Melhor Compra 2003 e 2004, categoria Picape Média, revista 4 Rodas), Frontier (Melhor Carro do Brasil 2003 e 2004, categoria Picapes; revista Carro), Frontier (Prêmio AutoData 2003, categoria Veículo Comercial Leve), Livina (Destaques de 2009, categorias Geral e Monovolume; revista Motor Show), Livina (Melhor Compra 2010, categoria Monovolumes Compactos4 Rodas), Livina (Qual Auto Comprar, Escolha 2010, categoria Monovolumes; revista Autoesporte), Livina (Melhor Compra 2011, categoria Minivan Compacta4 Rodas); Versa SV 1.6 (Melhor Compra 2015, categoria Carro até R$ 50.0004 Rodas); March 1.6 SV (Compra Certa 2015, categoria De 40 a 45 MilCar and Driver); Versa SV 1.6 (Melhor Compra 2016, categoria Carro até R$ 50.0004 Rodas); Nissan (Melhor Montadora, categoria Melhor Desempenho Empresarial; Top Car TV 2016); Kicks 1.6 SV CVT (Melhor Compra 2017, categoria SUV até R$ 100.0004 Rodas); Kicks (Os Eleitos 2017, categoria SUVs4 Rodas); Kicks (Compra Certa 2018, categoria De 80 a 90 MilCar and Driver); Kicks (Melhor Compra 2018, categoria SUVs até R$ 80.000; 4 Rodas); Kicks (Os Eleitos 2019, categoria SUV’s4 Rodas); Kicks S 1.6 Direct automático (Melhor Compra 2019, categoria PCD4 Rodas); Kicks (Os Eleitos 2019, categoria SUVs; 4 Rodas); Nissan (Os Eleitos 2023, categoria Melhor Pós-Vendas4 Rodas)

 





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