MUSA KCC |
Biposto “caseiro” construído entre 2009 e 2013, em São Paulo, pelo engenheiro e ex-piloto de karts Eduardo Peirão Leal (ou Dudu Peirão).
Segundo suas próprias palavras, tinha o “sonho recorrente” de construir um carro “de fundo de quintal” capaz de participar de provas amadoras do tipo Track Day. “Após passar um dia dirigindo um Caterham Superlight em Brands Hatch“, na Inglaterra, decidiu concretizar seu desejo. Traçou as linhas conceituais do projeto, desenhou-o em CAD e criou um blog, em junho de 2009, onde pudesse relatar, passo-a-passo, sua aventura.
Batizado Musa KCC, seu carro deveria ter carroceria monobloco de chapas de alumínio planas e dobradas, construída em torno de uma gaiola tubular e recoberta por para-lamas e carenagem de plástico reforçado de fibra de vidro. Teria motor transversal sobre o eixo traseiro, câmbio manual de cinco marchas, suspensão por triângulos superpostos e molas helicoidais, freios a disco ventilados nas quatro rodas e nenhuma eletrônica embarcada. Para equipá-lo, foi comprado um conjunto motor Ford Zetec 1.8 de 16 válvulas usado, acompanhado da caixa, embreagem e semi-eixos respectivos.
A firma EBtech forneceu consultoria na revisão do projeto e ofereceu suas instalações para a construção da carroceria e a montagem final do carro. 32 meses depois, considerado pronto, o protótipo foi levado para o primeiro teste de rua, que mostrou serem necessárias mudanças na caixa de direção e na fixação da suspensão traseira. Em maio de 2012 finalmente o carro chegou às pistas. Após algumas voltas no autódromo de Piracicaba, porém, as mangas de eixo traseiras se romperam. Nova tentativa foi feita em março do ano seguinte, mas desta vez foi o motor, que já dera sinais de potência insuficiente, que não resistiu.
Embora tivesse planos de repotenciar o carro, aumentando o deslocamento do motor Zetec para dois litros e elevando a potência, de 115 para pelo menos 170 cv, Eduardo acabou por abandonar seu Musa KCC. Como também abandonou, ao menos provisoriamente, outra interessante ideia que revelara dois anos antes: a criação de outro modelo (monoposto ou biposto, ainda não havia decidido), que fosse fabricado e vendido sob a forma de kit, para uso em track days e que servisse de base para uma categoria econômica de corridas monomarca. Os carros seriam montados pelo comprador e usariam motores transversais baratos, como os do Fiat Uno, Volkswagen Gol e Ford Fiesta. Era seu objetivo incentivar o Automobilismo Amador, pois, em seu olhar e segundo sua visão lúdica, “para mim carro é brinquedo, não solução de mobilidade pessoal e transporte“.
Mas se Fernando colocou de lado o Musa, não abandonou sua paixão. Ainda em 2013 ingressou na Fórmula Vee (hoje Fórmula 1600 Brasil), patrocinando um carro preparado pela Della Barba Racing, que já no ano da estreia quebrou duas vezes o recorde da categoria e, conduzido por três diferentes pilotos, venceu três provas do Campeonato Paulista. Desde 2016 é proprietário da escuderia Peirão Racecar Engineering.
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