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MASSEY FERGUSON | galeria

A empresa canadense Massey Ferguson resultou da fusão, em 1953, da inglesa Ferguson com a Massey-Harris, ambas dedicadas à produção de máquinas agrícolas. As origens da última, por sua vez, remontam ao século XIX, quando se uniram Massey Mfg. Co. (fundada em 1847) e A. Harris, Son & Co. Ltd. (de 1857), antigas fundições e forjarias canadenses especializadas na fabricação de arados e implementos para a agricultura. Em 1959, quando já alcançara a condição de maior indústria de equipamentos agrícolas do Império Britânico, a Massey-Ferguson assumiu o controle da Perkins, um dos líderes mundiais na produção de motores diesel. Depois de atravessar uma década de crises e recessão, em 1994 a Massey foi vendida para o grupo norte-americano AGCO.

No Brasil, tratores Massey-Harris vinham sendo montados em São Paulo (SP) desde o final da década de 40 pela Elit Equipamentos para a Lavoura e Máquinas Agrícolas. Em 1952, Elit e Distribuidora Studebaker se fundiram, constituindo a Vemag – Veículos e Máquinas Agrícolas S.A., que continuaria a representar a marca canadense e montar as máquinas, com peças importadas, até 1960. Em paralelo, em 1957 foi fundada a Massey Ferguson do Brasil S.A., com o objetivo de estruturar a rede de revendas e fabricar peças de reposição para os equipamentos montados pela Vemag. Também foi ela que em janeiro de 1960 submeteu ao Geia projeto de nacionalização de um de seus tratores agrícolas leves.

A proposta da Massey, uma das dez escolhidas pelo órgão, previa a produção de um modelo de 1,5 t, equipado com motor Perkins de 37 cv, em fábrica própria a ser erigida na cidade de São Paulo; de lá sairiam 6.500 unidades nos dois primeiros anos. O programa de nacionalização sofreu atraso e o primeiro trator brasileiro da marca só foi lançado em 1962, bem depois dos outros fabricantes que tiveram suas propostas aprovadas pelo Geia. O modelo, denominado MF 50, foi mostrado no II Salão, em novembro daquele ano, com a mesma mecânica prevista no plano. Em 1963 foi lançada uma versão mais potente, o MF 50X, com 44 cv. Até aquele ano a lataria do trator era estampada e parcialmente montada pela Vemag.

Rapidamente a Massey assumiu a liderança nacional no segmento de tratores sobre pneus, já em 1963 ultrapassando a Ford, para nunca mais (com a única exceção de 1981) perder seu posto. Em 1965, quando produziu a 15.000ª unidade, a empresa apresentou o modelo MF 65, com 58 cv e três versões de altura, para aplicação em culturas diversas, tais como arrozeira e canavieira. No mesmo ano ampliou a linha de produtos introduzindo sua primeira retroescavadeira, o modelo MF 65 R, ainda com implementos importados, equipamentos que seriam nacionalizados nos anos seguintes (a pá MF 250 em 1969 e a retro MF 252 em 1973). Divulgado como “3 em 1”, o conjunto utilizava como base o trator MF 65, então equipado com conversor de torque, reversão hidráulica, pá de 0,76 m³ e escavadeira para valas para até 4,10 m de profundidade.

Naquela altura já havia sido lançado mais um trator agrícola, o médio MF 78, com 3 t, motor Perkins de 72 cv e três marchas, com redução, que seria seguido, em 1971, pelo MF 95 I (“I” de industrial; 5,1 t, 92 cv), para operações em construção e obras civis. Em 1972, por fim, comemorando o 50.000trator produzido e seu 10aniversário no Brasil, foi apresentado o modelo MF 85, com 80 cv, bitola traseira ajustável, direção hidráulica e freios a disco duplos e blindados.

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Embora tenha se tornado nacionalmente conhecida como fabricante de tratores agrícolas, desde cedo a Massey também dedicou atenção a equipamentos de construção, como este trator de esteiras, modelo MF 500 B, de 1974.

Em 1970 a empresa abriu mais uma frente de atuação, candidatando-se junto ao Geimot à fabricação de tratores de esteira; o projeto da Massey foi um dos três selecionados pelo órgão federal. O modelo escolhido foi o MF 3366, com 9,8 t, motor Perkins de 86 cv e transmissão powershift com conversor de torque; as primeiras unidades foram entregues em 1971, com 60% de nacionalização. Em 1974 seria lançado o trator de esteiras MF 500B (13,6 t e 138 cv, ainda com o reduzido índice de componentes nacionais de 31,7%, em peso) e dois anos depois o MF 400 (10 t e 95 cv), com os quais conquistou 15% do mercado.

A primeira metade dos anos 70 foi extremamente dinâmica para a empresa. Em 1971 inaugurou nova fábrica em Canoas (RS), onde partiu para a produção de colheitadeiras de grãos (modelos MF 210, 220 e 310), com mais de seis mil entregues em seis anos, e deu início à construção de outras duas plantas, uma em Sorocaba (SP), onde efetuaria a fabricação de tratores industriais, e outra em Lençóis Paulista (SP), para colhedeiras de cana; a produção de tratores agrícolas seria concentrada em São Paulo. Em 1974 produziu seu 100.000º equipamento, correspondendo a 61% de todo o total até então fabricado no país. Finalmente, em 1975, renovou a linha de tratores agrícolas, lançando a Série 200, com sete modelos, com peso entre 1,8 e 4,1 t. Todos eles estavam equipados com motores Perkins (do três cilindros de 2.700 cm3 ao seis cilindros de 5.841 cm3, com potências entre 44 e 105 cv) e câmbio de oito marchas à frente e duas a ré. Oferecidos em diversas versões, viriam a ser os mais vendidos do país em todos os tempos.

A produção da Massey cresceu continuamente até 1976, quando chegou ao máximo de 30.478 unidades (das quais 1.716 colheitadeiras), correspondendo a 49% da produção nacional. A má conjuntura econômica do final da década e o advento da maior crise cíclica da agricultura brasileira dos últimos tempos, contudo, pesaram sobre o mercado. A até então florescente produção começou a decrescer até que, em 1983, a Massey atingiu parcas 9.241 unidades fabricadas, meros 30% de seis anos antes. Só no ano seguinte os resultados negativos viriam a se reverter. Mas a crise não era só nacional, e a situação da matriz canadense também se tornava cada vez mais delicada.

Buscando racionalizar suas operações no Brasil, promoveu a união dos dois principais negócios no país – Massey e Motores Perkins – em 1980 formando a Massey Ferguson Perkins do Brasil S.A. (razão social alterada para Massey Perkins, em 1984, e Maxion, em 1989) e anunciando planos de abrir “pelo menos 48% do seu capital” a acionistas locais. A venda de parte das ações seria efetivamente realizada: em 1983 a empresa canadense concluiu negociações com o BNDES e o grupo gaúcho Iochpe, repassando-lhes 57,3% do capital da filial, o restante permanecendo em seu poder. Também o setor fabril passou por forte reestruturação, em 1982 sendo a linha de produção de tratores de pneus transferida para a unidade gaúcha.

Ao ser “nacionalizada”, a Massey dispunha de ampla linha de modelos agrícolas e industriais, além de três colheitadeiras de grãos. A gama de tratores agrícolas partia do leve MF 235 (1,8 t e 44 cv) ao pesado MF 296 (4,1 t e 115 cv), alguns em versão estreita ou 4×4. Além destes havia o super-pesado MF 4780, 4×4 de 11,4 t, articulado com duplo rodado, motor Scania de 215 cv, 10 marchas, freios a disco na saída da transmissão, direção hidrostática e cabine climatizada (projetada e fabricada pela carioca Müller, com 97,2% de nacionalização, a máquina era vendido com a marca Massey). Em 1984 foi lançada a linha de tratores a álcool, equipada com motores Perkins de ciclo Otto, e logo depois a série Super 200, com diversas melhorias: maior potência, câmbio de oito marchas, direção hidrostática, assento com suspensão e modelos 4×4 com 18 marchas.

No início da década de 80 eram três as colheitadeiras em linha, todas acionadas por motores Perkins: dois modelos de pequeno porte e estrutura simplificada (MF 1630 e 3640, com potência de 80 e 110 cv e tanques graneleiros de 2.100 e 2.300 litros) e a média MF 5650, a maior até então fabricada no Brasil, com 123 cv e tanque de 2.550 litros; todas dispunham de plataformas para colheita de grãos e arroz. Com elas, a Massey respondia por cerca de 22% da produção nacional.

Os tratores industriais eram dois (MF 295 e 296), com 105 e 115 cv. Em 1984 a eles veio se juntar a nova retroescavadeira MF 86, de 76 cv, com a qual a empresa quase duplicaria a produção e conquistaria mais de 1/3 do mercado nacional. Versão modernizada do modelo anterior, podia ser fornecida com capota de aço e diversas combinações de pás, caçambas (inclusive uma para limpeza de canais) e transmissão (com opção de reversão automática do sentido de marcha). Devido à pequena demanda, os tratores de esteira saíram de linha.

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Trator Maxion 9150, lançado em 1989; o exemplar aqui mostrado, fabricado em 1995, vinte anos depois se encontrava à venda em Apucarana (PR) (fonte: site agrolink).

Em 1986, ano em que produziu pouco mais de 22.000 unidades e chegou à máquina nº 300.000, foram poucas as novidades: o trator agrícola MF 292, com motor turbo de 95 cv, tração em duas ou quatro rodas e, pela primeira vez, faróis retangulares; uma versão do MF 265 para fruticultura; e melhorias nas colheitadeiras, com opção de motor a álcool e cabine com ar condicionado. Em 1986, agravado pela retração do crédito, o mercado voltaria a cair, numa gangorra que levaria a Massey – sempre na liderança nacional – ao recorde histórico negativo de 5.427 máquinas em 1996. A partir daí, com menores oscilações, a produção foi crescendo progressivamente até finalmente voltar, em 2004, ao patamar de 1986, com 23.718 unidades. Esta instabilidade levou ao adiamento de parte dos investimentos previstos para aquele ano e o seguinte, destinados à ampliação em 15% da fábrica de Canoas. Com isto, também a nova linha de tratores 4×4, prometida para 1986, só seria lançada três anos depois.

Em julho de 1989 o Grupo Iochpe alterou a razão social da empresa, de Massey Perkins para Maxion S.A. (em 1992, Iochpe-Maxion S.A.), passando (temerariamente, numa fase de crises cíclicas) a utilizar a marca nos seus novos produtos. No início do ano seguinte lançou a esperada linha pesada 4×4, com design extremamente moderno, em inédita cor azul. Em quatro versões, 9110, 9130, 9150 e 9170, traziam motor turbinado de, respectivamente, 110, 130, 150 e 160 cv. Todos possuíam tração 4×4, câmbio sincronizado de 12 marchas, estrutura de proteção contra capotagem e assento com cinto de segurança. Em novembro, no XVI Salão do Automóvel, os novos tratores ganhariam a opção de cabine climatizada e pressurizada, com ar condicionado, tornando-os os primeiros do país a dispor desta facilidade. Tendo que enfrentar a aguda retração de mercado que se reiniciava, injustamente a nova linha não obteve o sucesso esperado. Além dos tratores pesados, a Maxion lançou duas novas colheitadeiras, também estas com moderno design e na cor azul: MX 90 e MX 90 turbo, com tanque graneleiro de 4.500 l e, respectivamente, 120 e 145 cv de potência.

No final de 1989 a empresa entrou no ramo de empilhadeiras, lançando a Maxion 3000, para terrenos irregulares, com capacidade para 3 t. Tomando como base a estrutura mecânica de um dos tratores da marca, o equipamento tinha câmbio de quatro marchas com conversor de torque, direção hidrostática e freios a disco em banho de óleo, podendo vir com tração 4×2 ou 4×4.

A contínua queda na demanda não impediu que em 1990 a Maxion inaugurasse sua segunda fábrica no Rio Grande do Sul, em Santa Rosa, e comprasse 97% das ações da FNV, fabricante de material ferroviário, implementos rodoviários, rodas e chassis. (A partir desta aquisição, a Maxion chegaria a iniciar estudos, não levados adiante, para a produção de um chassi de ônibus com motor Perkins a ser comercializado com a sua marca.) No final de 1990, no Salão do Automóvel, foi lançada nova  retroescavadeira, modelo 750, máquina que viria a receber o prêmio Melhores da Terra na feira Expointer 1991.

Em 1993, na Expointer, foi lançada a Série 600, cinco modelos de tratores pesados (610, 620, 630, 650 e 660) com motores Perkins de 92, 105, 115, 138 e 150 cv e câmbio com alavancas laterais (no ano seguinte foi agregada a versão 640, com 120 cv). O estilo era o mesmo da bem sucedida Série 200, com alguns retoques: capô inclinado, faróis retangulares deslocados para o centro da grade e novos para-lamas. Buscando corrigir o erro estratégico da utilização do desconhecido nome Maxion em seus produtos, com a Série 600 a empresa resgatou a marca Massey Ferguson. O nome Maxion ficou restrito aos equipamentos industriais, cuja linha foi enriquecida pela pá carregadeira 96, utilizando como base, assim como a retroescavadeira 750, o corpo do trator Maxion 9150, com motor Perkins de 4,1 l e 86 cv, quatro marchas reversíveis e tração nas quatro rodas.

Em maio de 1996, com a produção reduzida aos níveis da década de 60 e acumulando dívidas de mais de US$ 100 milhões, a Iochpe-Maxion decidiu se desfazer dos negócios ligados ao setor agrícola – a divisão de tratores e colheitadeiras Massey Ferguson e a Máquinas Ideal –, vendendo-os para o grupo norte-americano AGCO (o mesmo que, quatro anos antes, adquirira as operações mundiais da Massey Ferguson), mantendo o controle sobre FNV e Perkins. Com a AGCO, também chegou a globalização: algumas máquinas passaram a ser importadas, o processo de atualização tecnológica se acelerou e a renovação da linha e o lançamento de novos modelos vieram a ocorrer com maior freqüência.

No ano 2000 a fábrica brasileira começou a exportar para os EUA; no mesmo ano foi atribuída à fábrica de Santa Rosa a responsabilidade mundial pela engenharia de colheitadeiras convencionais, até então conduzida pela filial dinamarquesa. Logo depois, a AGCO se retirou da Argentina e trouxe para o Rio Grande do Sul a linha de fabricação de tratores Deutz. Em 2002 a planta inglesa foi fechada e a produção transferida para o Brasil, que absorveu seus compromissos de exportação para mais de 40 mercados, inclusive em operações CKD.

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Trator 5320, aqui com cabine Aral, um dos modelos da Série 5000, de 1998.

Em 1998 foi lançada a Série 5000, seis modelos 4×4 com motores MWM ou Cummins: 5275, 5285 e 5290 (com 75, 85 e 90 cv, caixas sincronizadas de oito marchas reversíveis ou 12 à frente e quatro a ré) e 5300, 5310 e 5320 (95, 105 e 120 cv, e transmissão de 12 ou 16 marchas reversíveis), todos eles com opção de cabine com ar condicionado. No ano seguinte saíram duas novas colheitadeiras de grande porte com tecnologia de alta precisão: MF 34 e 38, com motor Cummins de 234 e 280 cv, transmissão hidrostática e tanques de grãos de 6.400 e 7.900 l, ambas ganhadoras do prêmio Gerdau Melhores da Terra, nas edições 1999 (MF 38, Troféu Ouro na categoria Novidade) e 2002 (MF 34, Ouro na categoria Destaque). Também foi atualizado o modelo MF 5650, vindo da década anterior, que teve potência e capacidade aumentadas (175 cv e 5.000 l, ao invés dos 125 cv e 2.550 l anteriores).

Da linha antiga, a AGCO manteve em produção a Série 200, as retroescavadeiras MF 86 e 96 (nova denominação da antiga Maxion 750) e a pá MF 96.

Os primeiros anos do novo século assistiram à renovação da Série 200, lançada na Expointer 2002, e à ampliação do número de famílias de produtos. Em 2003 a empresa chegou a meio milhão de máquinas construídas no país, sempre na liderança do mercado interno e exportação. A partir daí, a cada ano surgiria uma novidade importante. Em 2004, no Agrisow Cerrado, foi apresentada a nova Série 6000 de tratores 4×4 de alta potência (6350 e 6360, com 190 e 200 cv), concebida no Brasil, seguindo o estilo dos equipamentos da Série 5000. No ano seguinte chegaram o leve MF 250 XE, para pequenas propriedades e agricultura familiar, e a Séries 600 Advanced, atualização estética e tecnológica da linha anterior; em 2006 foi a vez dos compactos da Série 200 para fruticultura. Em 2007 foram lançadas a Série 200 Advanced, com 13 versões, mais uma atualização de sua gama de maior sucesso, e duas colheitadeiras: MF 9790, seu primeiro modelo com tecnologia axial, para grandes plantações de milho, soja e trigo (motor Sisu de 355 cv, tanque graneleiro de 10.570 litros e plataforma de 30 pés de largura – vencedora do prêmio Gerdau Melhores da Terra, na categoria Novidade) e MF 32 (motor Sisu de 200 cv e tanque de 5.500 l).

Por 45 anos na liderança do mercado de tratores sobre pneus, a Massey Ferguson terminou 2007 com exatamente 30% da produção nacional; no segmento de colheitadeiras chegou em terceiro lugar, com 21% do total fabricado no país. Operando um Centro de Tecnologia e duas plantas industriais – Canoas (tratores e retroescavadeiras) e Santa Rosa (colheitadeiras) -, a empresa dispunha de vasta gama de produtos, distribuída por oito linhas: 15 modelos da Série 200 Advanced, entre 50 e 130 cv, sendo quatro Compactos, totalizando mais de 500 variantes; quatro da Série 5000, entre 75 e 105 cv; três da Série 600 HD (138 a 173 cv); dois da Série 6300 HD (em substituição à 6000); cinco colheitadeiras de grãos, além de duas retroescavadeiras, dois transportadores de cana-de-açúcar e grande variedade de plataformas e implementos agrícolas. A produção nacional era complementa por alguns poucos importados com potência superior a 200 cv. A empresa prometia para curto prazo o lançamento de uma colhedora de cana e um pulverizador e a implantação de nova fábrica em Mato Grosso, mais próxima das áreas de expansão do cultivo de grãos.

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