MAHINDRA |
Fabricante de utilitários e maior grupo automotivo indiano, a Mahindra tem presença recentíssima no Brasil. A produção de seus veículos no país foi iniciativa da Bramont, que até 2005 montou em sua planta de Manaus (AM) jipes Cross Lander, versão nacional dos romenos ARO. Alguns modelos, ainda importados da Índia, foram expostos no XXIV Salão do Automóvel, em outubro de 2006, quando foi anunciada sua montagem no Brasil a partir do ano seguinte. Importados sob a forma CKD, os carros inicialmente teriam somente 10% de componentes locais, mas seriam progressivamente nacionalizados; nesse processo, a Usiparts, de Pouso Alegre (MG), ficaria responsável pela montagem, pintura e acabamento interno das cabines e carrocerias. Seriam três os modelos fabricados: um “utilitário esportivo” com sete lugares (Scorpio, na Índia) e duas picapes para uma tonelada (aqui chamadas Pik up), com cabine simples e dupla, todos eles 4×4. A linha estética era a mesma, mas nas picapes a grade e os para-choques tinham cor preta, enquanto que no SUV eram pintados na cor da carroceria. A linha de montagem teria capacidade para 350 carros/mês, embora a expectativa fosse comercializar cerca de 200 unidades mensais.
Os primeiros carros foram entregues em agosto de 2007. Equipados com motor turbodiesel (importado) com gerenciamento eletrônico, quatro cilindros, 2,6 l e 110 cv, tinham cinco marchas com reduzida, suspensão dianteira independente com barras de torção, eixo rígido traseiro com molas semi-elípticas (nas picapes) ou helicoidais (no Scorpio), freios a disco ventilados na frente e direção hidráulica. Os três traziam ar condicionado, CD/MP3 player e acionamento elétrico dos vidros e da tração integral; o SUV, adicionalmente, recebia rodas de liga e estofamento em couro.
No XXV Salão, em 2008, foi lançado o modelo chassi-cabine que, podendo acomodar diversos tipos de carroceria, veio a substituir o modelo picape cabine simples; ao SUV, por sua vez, foi oferecida opção de transmissão automática. Em 2010 a linha foi reestilizada, ganhando grade, para-choques, lanternas dianteiras e barras decorativas laterais de novo desenho, além de ABS e duplo air-bag. Resistentes e bem equipados, porém utilizando materiais de acabamento de menor qualidade, os utilitários Mahindra ainda buscavam seu espaço no mercado brasileiro: apesar do preço altamente competitivo, nos dois primeiros anos de produção – 2008 e 2009 – para um total de 1.022 unidades fabricadas, apenas 778 veículos da marca haviam sido licenciados no país.
Em 2011 o controle da Bramont foi vendido para o grupo chileno Minvest, representante da Hyundai, BMW e Mini naquele país. Ao assumir 70% do capital da empresa os novos controladores tentaram dar nova dinâmica aos negócios brasileiros.
A produção observou um salto em 2013, ano em que foram concluídos 1.930 carros (pouco mais de 2.800 haviam sido fabricados até então). Após uma breve suspensão das atividades em 2014, motivada pela necessidade de atender às exigências do Proconve e, simultaneamente, incrementar as características utilitárias dos veículos, no final do ano a linha foi relançada com algumas modificações mecânicas (o SUV foi então rebatizado M.O.V. – de Mahindra Off-road Vehicle). Além de ajustes na caixa de câmbio e do reposicionamento dos amortecedores traseiros, o motor diesel turbo foi substituído por uma unidade de 2.179 cm3 e 120 cv. A transmissão (câmbio manual de cinco marchas e tração 4×4 com reduzida) permaneceu a mesma. Todo esse movimento, contudo, não resultou em nada: em fevereiro de 2015 a Bramont comunicou o encerramento da produção dos utilitários Mahindra no Brasil, concretizada três meses depois. Menos de 4.000 carros haviam sido fabricados até então.
Nova linha de atuação, no entanto, já se abria – a produção local de tratores agrícolas, dos quais a Mahindra indiana é um dos maiores fornecedores mundiais. Tratores Mahindra já vinham sendo nacionalizados desde 2008 pela firma gaúcha Ursus. Em paralelo, a partir do início de 2012 também a Bramont começou a montá-los em novas instalações construídas em Dois Irmãos (RS). Ao lado de alguns modelos importados, dois tratores de porte médio foram lançados: 8000 e 9200 4WD, ambos com 3,8 t, tração nas quatro rodas e 12 marchas à frente e a ré, equipados com motores de quatro cilindros Mahindra, respectivamente com 3.192 cm3 e 80 cv e 3.533 cm3 e 92 cv.
Em 2016 a Mahindra & Mahindra indiana assumiu as operações brasileiras. No ano seguinte os tratores passaram por leve modernização, dando origem a dois novos modelos. Denominados 8000S e 9500S, tiveram capô e para-lamas redesenhados e receberam conjunto ótico com leds; agora preparada para receber cabine, a plataforma de operação foi racionalizada, de forma a oferecer melhor ergonomia e maior conforto. O modelo 9500S ganhou novo sistema hidráulico e teve a potência elevada para 95 cv. Os modelos 8000 e 9200 permaneciam em linha.
Em agosto daquele ano, na Expointer, a Mahindra anunciou seus planos de longo prazo para o país, envolvendo investimentos de US$ 70 milhões em cinco anos, com a meta de dobrar a produção nacional até 2022, eventualmente exigindo a construção de nova planta. Já como fruto da nova fase lançou, na oportunidade, o primeiro modelo da nova Série 6000, da categoria entre 55 e 75 cv – 6060, com 2,75 t, motor de 3.533 cm3 e 57 cv, tração 4×4 e 15 marchas reversíveis.
O que houve de novo a partir de 2018:
- empresa passa a ser gerida diretamente pela matriz Mahindra & Mahindra, reportando-se à unidade dos EUA (05/18)
- no Agrishow, apresentação da colheitadeira de grãos C12, a primeira da marca no mercado brasileiro; fabricada pela finlandesa Sampo Rosenlew, tem nacionalização prevista para 2021; também foi apresentado na feira o trator 9500S cabinado; pela primeira dotado de cabine de fábrica, vem com ar condicionado e faróis de trabalho dianteiros e traseiros (04/18)
- na 41a Expointer, apresentação de dois protótipos de tratores com lançamento previsto para 2019: o fruteiro 6060C (derivado do 6060, o primeiro da marca no mundo) e o modelo leve 4530 (três cilindros, 2.392 cm3, 42 cv e oito marchas reversíveis) – ambos modelos exclusivos para o Brasil e daqui exportados para África e América do Sul; também foi mostrado o pequeno 2025, importado da Índia, com planos de breve nacionalização (08/18)
- no Show Rural Coopavel, exposição de mais um protótipo, também com previsão para lançamento próximo (e que acabaria por não se confirmar): leve 2025, com motor de dois cilindros, 1,4 l e 25 cv, câmbio manual com oito marchas à frente e quatro a ré e tração 4×4, com engate mecânico da dianteira (04/19)
- a despeito da queda de 14,3% no mercado nacional de tratores com relação a 2018, a Mahindra cresce 52,5% em 2019 (12/19)
- suspensa a produção, em 30 de março, em decorrência da pandemia do coronavírus (03/20)
- no Show Rural Coopavel, apresentação do trator estreito 6075E, com 80 cv, câmbio de 15 ou 20 marchas reversíveis e apenas 1,67 m de largura (02/20)
- retomada a produção em 22 de maio (05/20)
- vendas internas crescem 67% em relação a 2019 (12/20)
- nacionalização de mais dois modelos da linha 6000: 6065 e 6075, com motor de 3.822 cm3, câmbio de 20 marchas com reversão mecânica e, respectivamente, 65 e 80cv (este turbo) (02/21)
- Mahindra inicia a importação do modelo 86-110 P (de Premium), equipado com motor Perkins turbo de 4,4 l e 110 cv, transmissão 16×16 e tração 4×4 com acionamento eletro-hidráulico do eixo dianteiro por botão; trazido da Turquia e com planos de nacionalização a curto prazo, será o mais pesado, mais potente e bem equipado da linha de produtos da marca no Brasil (08/21)
- crescimento de 97% nas vendas internas nos nove primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2020 – mais de três vezes superior aos 27,6% do mercado total (10/21)
- novo trator 5050 (2,7 t) para agricultura familiar, 4×4 equipado com motor de quatro cilindros, 2.980 cm3 e 49 cv acoplado a transmissão manual com 12 marchas reversíveis (03/22)
- no Agrishow, lançamento do modelo estreito 6075 E (3,77 t), próprio para operação em culturas semi adensadas, como pomares e café (04/22)
- dois lançamentos na feira Expodireto Cotrijal: versão cabinada do trator 6075 E e dois pulverizadores rebocados By Mitra, de 600 e 1.500 litros, importados (03/23)
- matriz indiana da Mahindra cria nova marca OJA para sua linha de tratores leves (04/23)
- importado desde 2021, modelo 86-110 P é nacionalizado; lançado no Agrishow sob a nomenclatura 8110, manteve tração 4×4 por demanda, transmissão mecânica 16×16 sincronizada e motor Perkins de 110 cv da versão anterior; na feira também lançado o trator 7095, de 3,8 t, com motor Mahindra turbo de quatro cilindros, 3,5 l e 95 cv, com tração 4×2 TDA e câmbio 12×2; de concepção mais moderna, trouxe capô inteiriço, cano de escape lateral, filtro de ar deslocado para a parte superior do radiador e lanternas de leds (05/23)
- Mahindra anuncia a construção de nova fábrica no Brasil; localizada em Araricá (RS), permitirá à empresa aumentar a produção das atuais 2.600 unidades anuais para 8.000; 300 novos empregos diretos serão gerados (02/24)
- no Agrishow, lançamento de linha de implementos e dois novos modelos de pulverizadores rebocados importados, para 200 e 2.000 litros (05/24)
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