LORENA |
Embora de vida curta, a Lorena foi uma das pioneiras do país na produção de veículos fora-de-série sobre plataforma Volkswagen. Seus primeiros carros, batizados Lorena GT, foram artesanalmente construídos no Rio de Janeiro (RJ), em 1968, pelo chileno Léon Larenas Izquierdo, sob licença da empresa norte-americana Ferrer Motor Corporation. Um deles, adquirido pelo piloto Sidney Cardoso, recebeu freios a disco nas quatro rodas e motor de dois litros e caixa de quatro velocidades do Porsche, disputando a temporada carioca do ano.
Exibido no VI Salão do Automóvel, no stand da Petrobrás, a produção do carro foi então transferida para São Paulo (SP), a cargo da Lorena Importação, Indústria e Comércio Ltda.. Montado sobre a plataforma do Fusca 1300, sem cortes nem alterações mecânicas, o Lorena era vendido com mecânica zero km ou sob a forma de kit. Opcionalmente, podia receber rodas de magnésio, tala larga e motores preparados, com dois carburadores e cilindrada de 1.500 ou 1.600 cm3. Sua carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro, extremamente baixa (1,05 m), lembrava dois campeões das pistas de então – Ford GT 40 e Porsche 910. Tinha dois lugares, portas que invadiam o teto e faróis retangulares (do VW 1600) protegidos por carenagens de acrílico. O carro, porém, pecava pelo fraco acabamento e precária ergonomia e em pouco tempo deixou de ser fabricado. A empresa então mudou de nome e lançou o buggy Gaiato.
Em 1969, após abandonar a sociedade e criar nova empresa – Protótipos Lorena Carrocerias Ltda. –, Léon iniciou o desenvolvimento de três novos carros, todos projetados para a mesma plataforma 1300, sem cortes: o GT conversível (que parece não ter sido concluído), um buggy e um cupê 2+2, que só seria apresentado dois anos depois. O buggy, que não recebeu nenhum nome, tinha jeito de utilitário, duas portas, quatro lugares, capota de náilon e faróis inclinados do Fusca; a carroceria de fibra era moldada em uma única peça e podia ser rapidamente fixada na plataforma, pois aproveitava a mesma furação e os mesmos parafusos utilizados no sedã. Em 1970 Léon criou a firma Amazon Fiber Glass S.A., se propondo instalar “em sessenta dias” fábrica própria em Manaus e para lá transferir a produção dos três carros, o que por óbvio não aconteceu.
O cupê começou a ser produzido, sob encomenda, a partir de 1972, novamente no Rio de Janeiro, pois Léon mais uma vez deixava sua empresa, passando a trabalhar para a Plásticos Reforçados RM, que se encarregou da fabricação do carro – por isso batizado Lorena RM. Clone menos elegante do Puma, com perfil e traseira semelhantes, porém mais volumosos, o RM apresentava acabamento um pouco menos descuidado do que seu antecessor, porém as mesmas deficiências de ergonomia. Sob o aspecto mecânico acompanhava em tudo o Lorena GT, inclusive na ausência de freios a disco; o motor, originalmente 1300, podia ter a cilindrada aumentada para até 2.000 cm3. Poucas unidades foram produzidas. No ano seguinte já não se fabricavam carros com a marca Lorena.
O modelo GT foi retomado mais tarde, por outros fabricantes e com diferentes nomes – Andorinha, Mirage e Villa. Em 2008, um novo revival do Lorena começou a ser providenciado pelo ex-piloto Luiz Fernando Lapagesse, desta vez cópia quase fiel do original, já que os moldes da carroceria e os gabaritos dos vidros foram desenvolvidos a partir de um Lorena GT que não chegou a ser completado; apenas faróis e lanternas traseiras não respeitam o modelo antigo. A réplica, lançada em junho de 2010 com o nome Lorena GT-L, foi fabricada até 2015, em Saquarema (RJ), pela Lapagesse’s Car Chassis e Carrocerias Especiais e vendida sob a forma de kit ou pronta, montada sobre plataforma VW recondicionada.
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