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Com o objetivo de construir réplicas do Mercedes 280 SL, o empresário Luís Henrique Mignone fundou no Rio de Janeiro (RJ), em 1982, a Nurburgring Indústria e Comércio, firma que dois anos depois teve a razão social mudada para LHM Indústria Mecânica Ltda. – vinda das iniciais do seu nome. Chamada Phoenix, a réplica tomou como base o modelo 1970 do carro alemão, a partir do qual foram confeccionados os moldes para laminação da carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro.
Lançado na versão conversível, com capota de lona e teto rígido, o carro utilizava toda a mecânica do Chevrolet Opala, inclusive a plataforma (revestida de fibra para prevenir a corrosão – posteriormente substituída por um chassi próprio, projetado por Paulo Renha), o motor (quatro e seis cilindros, a gasolina ou álcool) e o câmbio (quatro e cinco marchas, manual ou automático). Tinha estofamento de couro, santantônio embutido na moldura do para-brisa, cinto de segurança retrátil de três pontos e um inédito sistema de extinção de incêndio (opcional) com comando no painel, que descarregava gás carbônico diretamente sobre o motor e o tanque de combustível. Ar condicionado e rodas de liga eram os outros opcionais disponíveis. Todos os elementos de acabamento eram de fabricação local, à exceção dos faróis e lanternas.
A produção foi iniciada em setembro de 1982, à base de 30 unidades/mês, com expectativa de exportação de mais 50 por mês para os EUA. Se a Daimler-Benz, fabricante do carro original, não contestou a produção da réplica, não teve como permitir a utilização do seu logotipo na grade da cópia nacional. Com isto, em 1984 a estrela de três pontas foi substituída por um novo símbolo. No mesmo ano foi lançada a versão cupê, seguindo as mesmas linhas do modelo alemão, e uma réplica conversível infantil. Para 1986, além de disponibilizar mais uma versão do Phoenix, com motor Ford V8, a LHM preparou um chassi tubular mais leve, integrado à fibra de vidro da carroceria, em substituição ao anterior, do Opala. Naquela altura, com as vendas internas reduzidas à média de sete carros/mês e as exportações não evoluindo conforme o esperado, a empresa, que só fornecia carros completos com mecânica nova, também passou a admitir a transformação de veículos usados fornecidos pelos clientes.
No início de 1986 a LHM apresentou um produto inesperado – o hovercraft Charco, veículo anfíbio sobre colchão de ar para carga ou passageiros, fabricado sob licença da norte-americana DBA Swift. Com 17 pés de comprimento (5,10 m), tinha casco duplo de fibra de vidro com compartimentos estanques e era acionado por um ou dois motores Chevrolet, de quatro e seis cilindros, a gasolina ou álcool, do qual pretendia comercializar 20 unidades por mês. No mesmo ano desenvolveu o projeto de um carro urbano para dois lugares, ao qual deu o nome Mignone.
Mostrado no XIV Salão do Automóvel, tinha somente 2,80 m de comprimento e espaço para bagagens surpreendentemente grande: 387 litros, ou 452 litros com o banco direito deslocado para a frente. Apresentado em duas versões de acabamento (S e SL), tinha chassi tubular integrado à carroceria monobloco de fibra de vidro, rodas de aro 13 e motor Volkswagen 1600 refrigerado a ar, montado na traseira (foi também prevista uma unidade de menor porte, a ser disponibilizada mais tarde).
Com o encerramento da produção do Fusca, a LHM resolveu alterar radicalmente a concepção mecânica do Mignone, dotando-o do conjunto motor-tração dianteira Fiat. Logo a seguir, em meados de 1987, atraída pelo oferecimento de um projetista italiano “ex-integrante da equipe Ferrari“, que estaria iniciando a produção de motores em Curitiba (PR), com a marca Itala, a empresa decidiu substituir a Fiat pelo desconhecido fornecedor. Este, além de fabricar os motores (unidades de dois cilindros refrigeradas a água, 650 e 850 cm3, 29 e 44 cv), projetaria a nova suspensão do veículo. A caixa de marchas permaneceria a da Fiat.
Com tantas idas e vindas o Mignone acabou não sendo colocado em produção. Em troca, melancolicamente, naquele mesmo ano a LHM colocou a venda prosaicos kits de “transformação” do Monza em Mercedes 190 E. Quanto ao Phoenix, foi ainda fabricado por algum tempo, não conseguindo, porém, chegar ao final da década. Desde o seu lançamento, seis anos antes, cerca de 200 unidades foram completadas.