JOAGAR |
Automóveis construídos na década de 50, pelo pioneiro Joaquim Garcia, músico, marceneiro e mecânico de Jaboticabal (SP). Sem nenhum estudo técnico formal, sozinho projetou e fabricou motores de combustão interna e diversos veículos, todos eles operacionais, sem qualquer financiamento ou apoio material de empresas ou governos.
Seu primeiro carro foi construído em 1953 – um pequeno conversível de dois lugares, com motor de motocicleta e carroceria e maioria dos componentes mecânicos produzidos em sua oficina ou adquiridas no mercado nacional.
Tendo como base exclusivamente sua experiência como mecânico de motores estacionários, desenvolveu um primeiro motor a gasolina, para o qual fundiu o bloco e fabricou árvore de manivela e bielas. Testado num mini-jipe, também de construção própria, o motor evoluiu para duas outras unidades, com dois cilindros e dois tempos, patenteadas no início de 1956, um refrigerado a água, com 756 cm3 e 20 cv, e o segundo refrigerado a ar, com 802 cm3 e 22 cv.
Naquela altura, já havia montado mais dois veículos: um automóvel de dois lugares, em 1954, e uma caminhonete com carroceria woody, no ano seguinte, às quais chamou Joagar – acrônimo do seu próprio nome. O automóvel, com apenas 1,80 m de distância entre eixos e 3,20 m de comprimento, tinha tração traseira e foi equipado com o motor de 20 cv. A caminhonete, com carroceria construída a mão pelo escultor local Luis Noguer, era ligeiramente mais longa (3,6 m); foi concluída em 1955, recebendo tração dianteira e o motor de 22 cv. Em 1957 a caminhonete teve o visual melhorado, ganhando novo motor refrigerado a ar com quatro cilindros contrapostos e válvulas no cabeçote, 812 cm3 e 31 cv. Os dois modelos tinham caixa de câmbio de três marchas (igualmente construída por Joaquim) com comando na coluna de direção, suspensão por molas semi-elípticas – duas longitudinais atrás e uma transversal na dianteira – e freios hidráulicos nas quatro rodas.
Joaquim Garcia persistiu por vários anos na tentativa de fabricar carros. Ainda por conta própria, aperfeiçoou o motor de quatro cilindros (955 cm3 e 38 cv), que recebeu duas ventoinhas de refrigeração, uma para cada par de cilindros, acionadas pela correia do dínamo. Em 1958 fundou a firma Automóveis Joagar Indústria e Comércio, buscando apoio oficial ou alguma empresa com quem associar-se, sem atrair interesse.
No ano seguinte mudou de negócio, passando a fabricar em série compressores de ar. Ainda fez mais uma tentativa no ramo automotivo, em 1960 projetando uma picape com chassi tubular tipo escada, nela instalando o novo motor, acoplado a caixa de três marchas (2ª e 3ª sincronizadas). Três ou quatro unidades foram fabricadas, das quais pelo menos uma sobrevive até hoje. Nos primeiros anos da década de 60, diante da consolidação dos grandes fabricantes nacionais e do crescimento exponencial e irrefreável da produção, acabou por abandonar o seu sonho. Joaquim faleceu em 1976, aos 56 anos, vitimado por um acidente de automóvel.