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Tradicional fabricante de equipamentos para pulverização, a Indústria de Máquinas Agrícolas Jacto Ltda. (hoje Máquinas Agrícolas Jacto S.A.) foi fundada em 1948, em Pompéia (SP), pelo imigrante japonês Shunji Nishimura. Chegado ao Brasil em 1932 trabalhava como mecânico, até criar suas primeiras polvilhadeiras costais do país (carregados às costas dos agricultores) para aplicação de defensivos agrícolas. O sucesso do equipamento levou à fundação e ao deslanche da empresa. Ao longo da década seguinte Shungi se dedicou ao aperfeiçoamento da máquina até chegar, em 1961,  aos equipamentos montados em trator e, no ano seguinte, um pulverizador com barras (inicialmente de bambu). Seus produtos são hoje exportados para mais de cem países.

Desde cedo a empresa buscou a diversificação, em 1964 ingressando no setor de plásticos (foi ela quem introduziu a utilização, hoje universalizada, de tanques plásticos em equipamentos de pulverização). O grande salto tecnológico, que por sua vez levaria a uma mudança de patamar no  porte da companhia, entretanto, só aconteceria 15 anos depois, em 1979, com o lançamento da colhedora de café K-3, a primeira mecanizada em todo o mundo. A partir daí, a Jacto avançou no segmento de equipamentos automotrizes, projetando e fabricando vários modelos para diversas aplicações.

As máquinas colhedoras se deslocam acima dos pés de café com velocidade entre 500 e 1.500 m/h, com produtividade de 120 sacas/hora. Lâminas giratórias, agitando os arbustos, soltam os grãos, que são ensacados por trabalhadores que, a pé, seguem a máquina. O equipamento mantem-se nivelado por um sistema hidráulico que desloca as quatro rodas (acionadas por transmissão hidrostática), para cima ou para baixo, independentemente entre si; o sistema também permite que a máquina se ajuste à altura do cafeeiro.

Por quase 20 anos a K-3 seria a única colhedora nacional no mercado, tendo vendido mais de 500 máquinas no período. No início do novo século a colhedora foi modernizada, ganhando maior conteúdo tecnológico. Chamada K-3 Millennium, recebeu novo motor (MWM de 4,1 l e 82 cv), sistema de direção com menor raio de giro, nova transmissão hidrostática assegurando tração total em qualquer terreno, pneus largos com menor poder de compactação e nova cabine climatizada, com volante regulável, computador de bordo e GPS opcional.

Em 1989 foi apresentado o primeiro pulverizador autopropelido da marca, o Uniport 3000 4×4, com capacidade para 3.000 litros de defensivo, barras de comando hidráulico e controles informatizados. Este foi seguido, em 1996, por um modelo de menor custo, o Uniport 2000 (para 2.000 l), equipado com motor Maxion de 4,0 l e 130 cv, cinco marchas, transmissão por diferencial e corrente, suspensão independente por molas helicoidais, freios a disco nas quatro rodas e direção hidrostática; tinha barras de 21 m e cabine refrigerada, pressurizada e com filtragem do ar. Apesar de mais simples, trazia bastante eletrônica embarcada: monitoramento do motor, comandos e controles de pulverização, sistema de orientação GPS para agricultura de precisão e sensores ultrasônicos para detectar a presença de plantas, controlando a altura das barras de acordo com a altura da plantação e desligando automaticamente a pulverização em áreas não cultivadas.

O modelo 2000 evoluiria em 2010 para o Uniport 2000 Plus (motor MWM de 131 cv e nova cabine) e para o Uniport 2500 Star, com tanque de 2.500 l, motor Cummins turbo de 138 cv a diesel e biodiesel B20, barras de 24 m e piloto automático opcional. Em 2001 o Uniport 3000 4×4, maior e mais completo pulverizador da Jacto, foi reprojetado, recebendo motor Cummins turbo com aftercooler de 237 cv, transmissão e direção hidrostática, bitola variável, barras de 24 ou 28 m e nova cabine (que também seria cedida para o resto da linha).

Em 1995 a Jacto deu início à fabricação de um produto inesperado, frente à tradição de quase 40 anos na área agrícola: carros elétricos. Chamado Eletro 900, o veículo foi projetado para o transporte de carga e passageiros em ambientes industriais e de serviços. Tinha motor de 2 cv, alimentado por seis baterias tracionárias de 6 V (220 Ah), velocidade máxima de 22 km/h e autonomia para “um dia de trabalho“, segundo a empresa. Pesando 650 kg, apresentava excelente capacidade de carga de 900 kg. Sua carroceria aberta, moldada em plástico reforçado com fibra de vidro, tinha dois lugares, mas podia ser adaptada para vários usos, recebendo teto rígido, para-brisa plástico, bancos para mais quatro passageiros e diversos arranjos especiais para o transporte de carga. Com o tempo, as versões foram se diversificando, agrupadas em torno de duas linhas: VPT, para carga, e VPX, para passageiros. O carrinho foi reestilizado e ganhou sistema elétrico de 36 V e motor mais potente, com 3,5 cv. No rumo da especialização, em 2004 foi lançado um rebocador industrial para serviço pesado, o modelo RB, com carroceria metálica de um lugar, freios hidráulicos, sistema de troca rápida de baterias e capacidade de tração de 3 t. (A partir de 2028 a linha de carros elétricos foi transferida para a Unipac, subsidiária da Jacto especializada na produção de componentes plásticos).

Em 2005, a partir do pulverizador 3000, a empresa desenvolveu mais um equipamento, a adubadora Uniport 3000 NPK para cana-de-açúcar. Lançada na feira Agrishow, tinha capacidade para 3 t de fertilizantes, motor MWM de 155 cv e controle eletrônico da operação. Preparada para adubar simultaneamente nove linhas, com possibilidade de individualizar a dosagem de cada uma por meio de GPS, podia atender a mais de 100 ha por dia. A nova máquina ganhou prêmio especial na edição 2006 do concurso Gerdau Melhores da Terra.

As mais recentes novidades da Jacto surgiram em 2008: na feira Movimat, foi apresentado um rebocador duas vezes mais forte, o RB 60, oficialmente lançado no ano seguinte, com capacidade de tração de 6 t, chassi monobloco de aço, sistema elétrico de 48 V, motor de 10 cv, carroceria plástica e direção regulável; e, no Agrishow de Ribeirão Preto, uma inédita colhedora de laranjas, modelo K5000, enorme máquina com mais de onze metros de comprimento, motor diesel de 151 cv, transmissão hidrostática, direção em duas ou quatro rodas e sistema de nivelamento. Dotada de dois computadores de bordo e grande sofisticação, incluindo sensores de “leitura” do perfil das plantas, permite percorrer até 900 m/h, com declividade de até 15% e índices de colheita de 90%.

Ainda em 2018 a Jacto iniciou o desenvolvimento de novo equipamento, inédito no país – um pulverizador autopropelido autônomo. Denominado JAV (de Jacto Autonomous Vehiche), dispensa operador embarcado, sendo orientado por câmeras, sensores e GPS. Comandado remotamente, um mesmo operador pode supervisionar diversas máquinas ao mesmo tempo. Além de poder trabalhar ininterruptamente, dia e noite, com raras paradas para manutenção e abastecimento, o equipamento traz sensores que simultaneamente identificam vegetais indesejados, permitindo aplicar a quantidade certa de herbicida no lugar certo, como também registram os serviços executados, tais como a rota percorrida na lavoura e a quantidade de defensivos aplicado em cada local. Suas câmeras e sensores identificam pessoas, animais e outros obstáculos que porventura surjam no caminho, interrompendo instantaneamente o deslocamento da máquina. O pulverizador ainda consegue se comunicar com veículos semelhantes que estejam operando na mesma lavoura, compartilhando informações e redistribuindo tarefas – num “trabalho de equipe” sem nenhuma intervenção humana. Apresentado ao público dois anos depois, no Agrishow, sua comercialização ainda dependeria do avanço na cobertura de redes de dados móveis no campo e da definição de regulamentações adequadas.

Em 2012 a Jacto recebeu o Troféu Ouro do prêmio Gerdau Melhores da Terra, na categoria “Destaque Agricultura de Escala”, para sua colhedora de café K-3 Millenium. No mesmo ano, por ocasião da 35a Expointer, a linha de pulverizadores ganhou mais um modelo – Uniport 3030 (motor Cummins de 243 cv, 4×4, transmissão hidrostática, suspensão pneumática independente, reservatório de 3.000 l, barras de até 32 m, vão livre ajustável de até 1,75 m), equipado com diversos e sofisticados sistemas eletrônicos de controle veicular, navegação e serviço, permitindo, dentre outros, a transmissão de informações para banco de dados central e o monitoramento das condições meteorológicas em tempo real. O novo modelo herdou a cabine do antigo 3000 (no início do ano seguinte os modelos 2000 Plus e 2500 Star receberam a mesma cabine).

Em 2014, por fim, a adubadora Uniport 3000 NPK, anteriormente dedicada apenas à cultura de cana, ganhou versão para cultivos de grãos e algodão com vão livre de 1,25 m e produtividade de 220 ha/dia. Naquele ano a linha de produtos autopropelidos Jacto compreendia onze modelos: a adubadora, a colhedora de café, dois rebocadores industriais (RB 30 e 60, para 3 e 6 t), carro elétrico industrial VPT, carro elétrico VP Park (para o transporte de urnas mortuárias) e cinco pulverizadores Uniport (2000 Plus, 2500 Star, 3000 Plus Vortex e canavieiro e 3030).

No ano seguinte a linha foi enriquecida com um equipamento revolucionário, a colhedora de café K 3500, útil durante todo o ano, já que, através da simples troca de um subconjunto de componentes, pode ser também aplicada em atividades de pulverização e poda, reduzindo substancialmente os períodos de imobilidade da máquina. Lançada na 22Agrishow, é acionada por um motor Cummins de quatro cilindros e 130 cv, dispondo de transmissão hidrostática 4×4, suspensão hidropneumática nas quatro rodas e sistema de direção permitindo esterçamento de até 85o e raio de giro de apenas 4,74 m. A confortável cabine possui ar condicionado, banco com suspensão pneumática, comandos por joystick e monitor sensível ao toque.

Através da Fundação Shunji Nishimura, instituída em 1979, a Jacto patrocina cursos profissionalizantes para a população da região, já tendo formado 500 técnicos agrícolas e mais de mil profissionais. Hoje, em associação com o governo estadual, mantém o primeiro curso superior de mecanização em agricultura de precisão do país.

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