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Maior e mais antiga indústria de carrocerias de ônibus da Espanha (fundada em 1896 como fabricante de ferragens para carruagens, encarroçadora desde 1928) e a única estrangeira instalada no Brasil, a Irizar chegou ao país em 1997, através de uma joint-venture com a Caio, visando a produção de ônibus rodoviários com estrutura de aço segundo projetos desenvolvidos na matriz. O empreendimento, para o qual cada uma das partes contribuiu com 50% do capital, envolvia a construção de uma planta conjunta junto à fábrica da Caio, em Botucatu (SP). A associação atenderia a um antigo anseio da Caio de ter participação mais significativa no mercado nacional de ônibus rodoviários de luxo, o que nunca havia logrado com os produtos de desenho próprio. Para a Irizar, importava penetrar no mercado latino-americano, do qual o Brasil era o maior fornecedor.

Sua primeira carroceria, o luxuoso modelo Century, foi apresentada em agosto de 1998 no stand da Caio, na Expobus. Embora desde há muitos anos os ônibus rodoviários brasileiros apresentassem padrões de qualidade e acabamento semelhantes aos europeus, o lançamento da Irizar apresentou alguns diferenciais, especialmente quanto à acessibilidade aos órgãos mecânicos e chassi, ao aproveitamento total dos espaços disponíveis e à ergonomia do posto de direção. Sob o ponto de vista estético, o Century já trazia, como traço característico (que todos os modelos futuros iriam repetir), duas marcantes meias-luas conformadas na dianteira e na traseira. Internamente, apresentava todos os itens de conforto disponíveis para veículos da categoria: isolamento termo-acústico reforçado, porta-bagagem com tampa, toalete, sistema de som, monitor de vídeo de 21”, geladeira e sistema de ar condicionado capaz de manter a temperatura homogênea em qualquer ponto do veículo. O acabamento externo incluía chapas contínuas (sem emendas) e vidros colados; as tampas dos bagageiros e os espelhos retrovisores tinham acionamento remoto. Até o ano 2000 foram fabricadas 415 unidades, pouco menos da metade destinada à exportação.

Com a concordata da Caio, em 1999, a sociedade foi desfeita e a razão social alterada, de Irizar Caio, para Irizar Brasil S.A.. A linha começou a ser diversificada com o lançamento, na Expobus 2001, do InterCentury, para ligações mais curtas, com acabamento menos sofisticado e opção de para-brisa bipartido e janelas de correr, sem condicionador de ar. Ao contrário dos modelos de luxo, para o Intercentury seria admitida a utilização de chassis com motor dianteiro. No mesmo evento a família Century, que contava com modelos de 12 e 13 m de comprimento, ganhou uma variante mais longa, com 14 m; quanto à altura total, havia três opções: 3,4, 3,7 e 3,9 m. No ano seguinte, foi o Intercentury que recebeu mais uma versão, porém mais curta, com 10,8 m, facilitando a mobilidade em centros urbanos.

Em abril de 2005 toda a linha foi renovada, com a apresentação do Novo Century, mundialmente lançado meio ano antes, no Salão de Hannover, Alemanha, e já escolhido Ônibus do Ano na Espanha. Mantendo as qualidades dos modelos anteriores, foi reduzido o peso total, redesenhado o posto do motorista e melhorada a acessibilidade dos passageiros. O Novo Century tinha linhas decididamente mais harmônicas, realçadas pela curvatura acentuada das janelas e pelas típicas meias-luas na frente e atrás, agora abrangendo toda a largura do veículo. Caso inédito na indústria brasileira de carrocerias, no entanto, o Novo Century apresentava índice de nacionalização de apenas 80%, em confronto com todo o restante do setor, que jamais se valeu da importação de componentes para seus produtos.

Àquela altura, a família já compreendia 11 versões – 4×2 ou 6×2, com 12 a 15 m de comprimento e 3,7 e 3,9 m de altura total, aplicáveis a qualquer chassi ou plataforma de construção nacional. Com o lançamento do novo ônibus, a Irizar iniciou a ampliação de suas instalações em 50%, capacitando-se a completar quatro unidades diárias. No segundo semestre de 2006 a nova família recebeu sua versão simplificada, para curtas e médias distâncias – o Novo InterCentury; o Novo Century, por sua vez, passou a ser apresentado com três opções de acabamento: Semi-Luxury, Luxury e Premium (a mais completa).

Até o início de 2008, quando completou dez anos de atuação no país, a Irizar construíra quase 3.700 carrocerias, correspondendo a 6,5% da produção nacional de ônibus rodoviários; cerca de 70% deste total foi destinado à exportação para mais de 30 países, com ênfase na América Latina, onde o Chile é o seu principal mercado. Mais um modelo foi apresentado no final daquele ano: PB (lançado na Espanha em 2001, Ônibus do Ano na Europa, em 2004), o novo top de linha da Irizar brasileira, trazendo de série todos os elementos de conforto do Novo Century Premium, além de oferecer 24 itens adicionais, como opção, tais como estofamento de couro, carregadores de celular e limpadores de faróis. Dentre as características exclusivas, havia controle individual da climatização, calefação no teto e no piso, desumidificador de ambiente e, para o motorista, abertura remota das portas, acionamento elétrico da janela e das persianas do para-brisa. O modelo fazia amplo uso de plástico reforçado com fibra de vidro no revestimento externo, inclusive no teto e laterais, sendo as chapas de alumínio utilizadas apenas nas saias e tampas do bagageiro. Disponível somente para chassis com motor traseiro, podia ter 12, 13 e 14 m de comprimento e 3,7 e 3,9 m de altura.

A Irizar permanece produzindo no Brasil somente carrocerias rodoviárias, na maioria modelos de alto luxo e sofisticação. Com capacidade de produção de 1.000 unidades/ano em um turno de trabalho, vem contudo mantendo o patamar de 500 unidades anuais. Com o objetivo de aumentar a produção de quatro para dez unidades mensais, em 2012 a empresa decidiu construir nova fábrica, ainda em Botucatu. Suas carrocerias são hoje também montadas na África do Sul a partir de componentes fabricados no Brasil.

<irizar.com.br>

 

O que houve de novo a partir de 2012

 





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