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O atual conglomerado coreano Hyundai se originou de uma empresa de engenharia e construção fundada em 1947, que rapidamente se expandiu para outros setores da economia, como siderurgia e indústria naval. Em 1967 estabeleceu-se no ramo automotivo com a subsidiária Hyundai Motor Co., fabricando veículos sob licença Ford. Apenas em 1975 lançou o primeiro automóvel de projeto próprio. Um dos exemplos mais bem sucedidos do dinamismo empresarial coreano, é hoje a empresa do setor que mais cresce no mundo, rumando para ocupar a quarta posição, em produção, entre os maiores fabricantes do planeta.

A Hyundai foi um dos primeiros grupos estrangeiros a declarar interesse em se estabelecer no Brasil quando da liberação das importações, em 1990, “inicialmente trazendo carros completos e, com o tempo, começando a agregar componentes nacionais“. A comunicação oficial da vinda da empresa chegou no início de setembro de 1995, trazida pelo chanceler sul-coreano em visita ao Brasil. Segundo ele, seria construída uma fábrica no estado de São Paulo com capacidade para a produção anual de 30 mil utilitários H 100 e, até 1999, mais 50 mil unidades, provavelmente do automóvel Accent. Apesar do anúncio da localização da planta em São Paulo, executivos da Hyundai iniciaram périplo por outros estados, sondando benefícios e incentivos; foram visitados Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em paralelo, questionavam o Governo Federal com relação às normas legais vigentes, que exigiam índice mínimo de nacionalização de 60% e exportação de metade da produção, obrigações consideradas “injustas” pelos coreanos. Em paralelo, começaram a buscar um sócio local para participar com 50% do investimento.

Em 1997, com a criação do Regime Automotivo Especial para os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, no qual se inscreveu, o foco da empresa mudou, se desviando do Sul-Sudeste para a Bahia. Estruturada sob a razão social Hyundai Motors do Brasil Ltda., seus planos agora se limitavam à produção anual de 20 mil vans no município de Aratu, a partir do ano seguinte. A totalidade dos recursos viria do Grupo Regino, distribuidor brasileiro da marca, e de financiamentos (ainda não negociados), entrando os coreanos somente com “transferência de tecnologia”.  Em julho foi lançada a pedra fundamental da planta, porém a violenta crise econômica que logo se abateu sobre os chamados “Tigres Asiáticos” levou à quase imediata interrupção do projeto. Isto criaria um passivo entre a empresa e a União, pois desde o momento em que aderiu ao Regime Automotivo a Hyundai começou a se beneficiar da redução das alíquotas de importação, sem ter, em contrapartida, exportado um centavo sequer.

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Com este pequeno caminhão – que logo lideraria o mercado na categoria – a Hyundai iniciou a produção no Brasil.

A partir daí formou-se uma cadeia de eventos que, entre idas e vindas, acabou resultando no abandono definitivo do projeto na Bahia. Em agosto de 1998 a empresa comunica ao governo brasileiro sua desistência da implantação da fábrica; em conseqüência, o Grupo Regino, sentindo-se lesado, abandona a representação da marca; o governo baiano, obsedado com a idéia de abrigar uma indústria de automóveis no Estado, decide participar diretamente do empreendimento; em novembro, a matriz, após ter assumido o controle acionário das falimentares Asia e Kia, na Coréia, resolve retomar o projeto, já agora para produzir 50 mil minivans/ano das marcas Asia e Hyundai, com motores de 800 cm3; o governo baiano consegue atrair o interesse do Grupo CAOA para investir na planta baiana (importante revendedor Ford e ex-importador Renault, acabou por tornar-se representante oficial da marca no país).

(Enquanto isso a dívida da Hyundai para com a União por conta do Regime Automotivo se agravava: acrescida das inadimplências da Asia e da Kia, ambas em igual situação, já ultrapassava US$ 300 milhões em 2001. Embora não materializasse nenhuma ação concreta para equacioná-la, condição sine qua non para ter seu projeto aprovado, a Hyundai continuava declarando a intenção de aqui se instalar, já agora nomeando a CAOA como sua “parceira” no negócio. Apesar disto, a empresa não se furtou a considerar uma “terceira via”: a utilização da fábrica ociosa da Mercedes-Benz, em Minas Gerais, para a produção do Getz ou outro “carro popular“, aproveitando o acordo de cooperação a nível mundial existente entre as duas empresas. A tentativa não vingou, por desinteresse dos coreanos alocarem recursos na adaptação da linha de montagem.)

Em novembro de 2003, finalmente, pareceu que o imbroglio se resolvera, com o acordo firmado entre o governo da Bahia e a CAOA para a implantação da fábrica em Camaçari, onde seriam produzidas 45 mil unidades/ano do caminhão leve H 100 Porter, para 1,8 t. O novo terreno foi doado pelo Estado e a empresa assegurava que a produção se iniciaria em 13 meses, com 40% de nacionalização. Em maio de 2004, no entanto, o presidente da CAOA lança a pá-de-cal na operação baiana, ao anunciar a transferência do empreendimento para Anápolis, atraído por novos incentivos concedidos pelo Estado de Goiás.

A fábrica da marca coreana foi finalmente inaugurada em março de 2007. Seu primeiro produto foi o caminhão leve HR, para 1,6 t (PBT 3,4 t), importado sob a forma CKD, com reduzida agregação de materiais local (índice de nacionalização estimado em 40%). O veículo era equipado com motor diesel turbo com intercooler, quatro cilindros, 2,5 l e 94 cv, caixa de cinco marchas, suspensão dianteira por braços triangulares e barra de torção, eixo rígido traseiro com molas semi-elípticas, freios a disco na frente e direção hidráulica progressiva. A cabine vinha com coluna de direção retrátil, dois cintos de segurança de três pontos e barras laterais de proteção. Havia duas opções de entre-eixos e altura da plataforma de carga (2,78 e 3,11 m – versões HD e LD, com rodado traseiro simples ou duplo). A produção foi iniciada com 600 unidades mensais, mas a CAOA pretendia alcançar 130 mil veículos por ano em 2010, com cinco diferentes modelos. O proprietário da concessionária tinha sonhos ainda mais ambiciosos, no entanto, pretendendo no futuro fabricar um automóvel “100% nacional“, com desenho e marca próprios: “em cinco anos poderemos lançar nosso primeiro carro“, declarou na ocasião da inauguração da fábrica.

Com o início de produção, a CAOA lançou intensa campanha nacional de propaganda, com inserções de página inteira em jornais de grande circulação e anúncios de três a cinco páginas nas principais revistas semanais do país. O principal foco era institucional, com o fito de reforçar a imagem da marca, acentuando seu crescente desempenho comercial – em especial nos EUA – e a grande quantidade de premiações e destaques que vinha obtendo internacionalmente nos últimos tempos. A Hyundai coreana, por sua vez, escorada na ousadia do projeto da CAOA (com o qual nada contribuiu monetariamente) e no sucesso crescente dos seus carros no Brasil (à altura o Tucson já era o sport-utility mais vendido do país), voltou a acenar com planos de aqui construir nova fábrica, desta vez “na região litorânea do Sudeste“, com capacidade para 100 mil unidades/ano. (A questão do inadimplemento com a União ainda corria na Justiça. Visualizando a possibilidade de sediar a empresa, o governador do Estado do Rio de Janeiro procurou interceder junto às autoridades federais pelo perdão da dívida…)

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Primeiro automóvel Hyundai nacional, o HB20 alçou a novata empresa coreana à sexta posição entre os maiores fabricantes brasileiros de veículos.

Ao contrário do que planejara, foi somente em agosto de 2009 que a CAOA anunciou o segundo veículo a ser montado em Anápolis, o SUV Tucson, nas versões com tração em duas e quatro rodas. O modelo acabava de passar por completa reestilização na Coréia, mas a CAOA fabricaria a versão antiga, pretendendo exportá-la “para os EUA, Europa e todo o Planeta“. Com início de produção previsto para dezembro, à escala de 2.000 carros/mês, o Tucson imediatamente passou a ser apresentado como “Made in Brazil: em breve do Brasil para o mundo“. Em setembro, foram os coreanos que trouxeram novidades, comunicando o local da sua fábrica (Piracicaba, SP) e o primeiro modelo a ser lançado, o novíssimo hatch compacto i20, em 2011.

O maciço investimento da CAOA em propaganda (que a tornou, em 2009, o maior anunciante brasileiro do setor, à frente mesmo da Fiat, Volkswagen e GM) trouxe bons frutos para a marca, levando três modelos à liderança de mercado: o Tucson, cuja demanda continuava a crescer; o HR (já então com 130 cv e seis marchas), por dois anos o caminhão leve mais vendido do país, com mais de 67% do segmento até 3,5 t; e o hatch médio i30, importado a partir de 2008, que logo ultrapassou a concorrência.

Vivendo uma situação insólita no país, na iminência de ter dois fornecedores para a mesma marca de veículo, a Hyundai iniciou 2010 avançando firmemente no mercado brasileiro, com uma trajetória de crescimento meteórico: em se considerando os modelos importados, suas vendas aumentaram quase 50 vezes em apenas quatro anos – de 1.500 unidades, em 2005, para 75 mil em 2009. A tendência era de consolidação da posição, a partir do momento em que deixasse de ter presença quase virtual, como fabricante, montando poucos modelos com reduzido índice de nacionalização, e oficialmente aqui se estabelecesse como produtor. Previsão em pouquíssimo tempo cabalmente confirmada: com a inauguração da nova fábrica e o lançamento de seus primeiros automóveis nacionais (em setembro de 2012), em pouco mais de um ano a empresa se tornaria a 6a marca mais vendida do país.

<hyundai-motor.com.br>

 

O que houve de novo a partir de 2010

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Importados (diretamente pela Hyundai)

Palisade (Coreia do Sul, 08/24), 100% elétrico Ioniq 5 (Coreia do Sul, 09/24)

Séries especiais

HB20 Copa do Mundo (02/14); HB20 For You (10/14); HB20 Spicy (03/15); HB20S Impress (05/15); ix35 Launching Edition (09/15); HB20 e HB20S Ocean (07/16); New Tucson Top (11/16); HB20 5 Anos (07/17); HB20 R spec Limited (01/18); HB20 Copa do Mundo FIFA 2018 (03/18); HB20 e Creta 1 Million (08/18); Creta Launch Edition (07/19); HB20 Launch Edition (09/19); HB20 e HB20S Copa do Catar 2022 (10/22); HB20 e HB20S Edição Especial (12/22); Creta N Line Night Edition (03/23)

Outras premiações e distinções (modelos nacionais)

HR (Prêmio Lótus 2010, categoria Camioneta de Carga do Ano; Frota & Cia.); Tucson (Os Eleitos 2010, categoria Peruas e Utilitários Esportivos Leves; 4 Rodas); HB20 (Os Eleitos 2013, categoria Hatches Compactos de Entrada4 Rodas); HB20 e HB20S (Qual Comprar 2013, categorias Hatch Compacto Sedã CompactoAutoesporte); HB20 e HB20S (Melhor Compra 2014, categorias Carros até R$ 35.000 e Carros até R$ 50.0004 Rodas); HB20 (Qual Comprar 2014, categoria Hatch CompactoAutoesporte); HB20 (Best Cars 2015, categoria Compacto; Carro); iX35 (Qual Comprar 2015, categoria Utilitário Premium; Autoesporte); HB20 Comfort 1.0 e HR (Melhor Compra 2015, categorias Carro até R$ 40.000 e Utilitário – Food Truck; 4 Rodas); ix35 (Os Eleitos 2015, categoria SUVs e Peruas; 4 Rodas); HB20S Comfort Style A/T (Compra Certa 2015, categoria De 50 a 60 MilCar and Driver); HB20 (Melhor Valor de Revenda 2015, categoria Sedã PequenoAuto Fácil); HB20 (Best Cars 2016, categoria Compacto; Carro); HB20 1.0, HB20S 1.6 e ix35 2.0 (Compra do Ano 2016, categorias Carro de EntradaSedã CompactoCrossover MédioMotorshow); iX35 2.0 (Qual Comprar 2016, categoria SUV PremiumAutoesporte); HB20 Comfort 1.0 e HR (Melhor Compra 2016, categorias Carro até R$ 40.000Utilitário – Food Truck4 Rodas); Hyundai (Os Eleitos 2016, categoria Assistência Técnica; 4 Rodas); HB20 (Melhor Compra 2016, categoria Carro até R$ 40.000; 4 Rodas); HB20, HB20S e Creta (Qual Comprar 2017, categorias Hatch CompactoSedã CompactoSUVAutoesporte); HB20 (Best Cars 2017, categoria CompactoCarro); Creta (Compra Certa 2017, categoria de 80 a 90 milCar and Driver); HR (Melhor Compra 2017, categoria Utilitário – Food Truck4 Rodas); HB20 Comfort 1.0 e HR (Melhor Compra 2017, categorias Carro até R$ 45.000Utilitátio – Food-truck4 Rodas); Creta Prestige 2.0 (Compra Certa 2018, categoria de 100 a 200 milCar and Driver); HB20 Unique BlueMedia 1.0 e HR 2.5 TD (Melhor Compra 2018, categorias Carros até R$ 45.000 Utilitátios – Food Truck4 Rodas); HR 2.5 TD (Melhor Compra 2019, categoria Food Trucks4 Rodas); HB20 1.0 Sense Pack e Creta 1.6 Attitude (Melhor Compra 2020, categorias Carros até R$ 50.000 SUVs até R$ 80.0004 Rodas); HB20 1.0 Vision (Melhor Compra 2021, categoria Carros até R$ 65.0004 Rodas); HB20 e HB20S (Selo Maior Valor de Revenda – Autos, categorias Hatch Compacto Sedã Compacto; Agência Autoinforme); Tucson (Melhor Revenda 2022, categoria SUV Médio; 4 Rodas); HR (Campeão de Revenda 2022, categoria Camioneta de CargaFrota & Cia); HR (prêmio Campeão de Revenda 2002, categoria Camionetas de CargaFrota&Cia); HB20 1.0 Sense, HB20S 1.0 Vision, HB20 1.o Comfort turbo automático e Creta 1.0 Comfort turbo automático (Melhor Compra 2022, categorias Carros até R$ 75.000, R$ 85.000R$ 100.000 e SUVs até R$ 120.0004 Rodas); Hyundai HB20S (Prêmio Maior Valor de Revenda – Autos 2022, categoria Sedã de EntradaAgência AutoInforme); HB20 Comfort 1.0 e HB20 Vision 1.0 2022 (Melhor Compra 2023, categorias Carros até R$ 85.000 e Seminovos até R$ 80.000; 4 Rodas); HR (Campeão de Revenda 2023, categoria Camioneta de CargaFrota & Cia); HB20 (Qual Comprar 2023, categoria Melhor Hatch CompactoAutoesporte); Creta (Prêmio Mobilidade Limpa [eficiência energética], categoria SUV Compacto acima de 1.6; Agência AutoInforme); HB20 (Qual Comprar 2024, categoria Melhor Hatch CompactoAutoesporte); Hyundai (Prêmio Automotive Business 2024, categoria ESG – Ambiental, Social e Governança; Automotive Business); HB20S Vision 1.6 automático 2021 (Melhor Compra 2024, categoria Seminovos até R$ 80.0004 Rodas)





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