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GREAT WALL | galeria

Empresa privada chinesa fundada em 1984, auto-proclamada maior fabricante local de veículos SUV. Em outubro de 2012, por ocasião do Salão do Automóvel, executivos da Great Wall informaram sua intenção de realizar “grandes investimentos no Brasil”, incluindo o início de construção de uma fábrica já no ano seguinte – a despeito de jamais seus produtos terem sido aqui comercializado e, naquela altura, nem sequer tivesse sido definida a gama de modelos a ser importada.

Em 2013 um grupo de investimentos brasileiro ingressou no empreendimento, adiando por mais um ano o projeto; segundo suas informações, aqui seriam produzidos uma picape e dois modelos de SUV. Dentre os locais sondados para a construção da indústria estavam Salvador (BA), Joinville (SC), Ribeirão Preto e Guarulhos (SP) – em todos os casos sem qualquer desdobramento.

Em janeiro de 2021, quando do súbito abandono da produção nacional pela Ford, a Great Wall foi um dos diversos fabricantes chineses a comentar o interesse pela aquisição da planta baiana da empresa. Em abril,  contudo, representantes da Great Wall teriam anunciado a “autoridades brasileiras” a intenção de produzir carros elétricos e utilitários leves em fábrica a ser instalada na Região Sudeste.

Dois meses depois o foco seria de novo deslocado, agora para a planta de automóveis da Mercedes-Benz, em Iracemápolis (SP), com capacidade anual de 20.000 carros e desativada em 2020 – intenção efetivamente concretizada em agosto daquele ano. A  compra da planta daria continuidade aos planos de expansão mundial da empresa chinesa, que em apenas dois anos não só iniciou a fabricação de automóveis na Rússia e Tailândia, como ainda em 2021 pretendia começar a operar na Índia – nos dois últimos casos a partir da aquisição de instalações desativadas da GM.

Ao confirmar a oficialização das negociações com a Daimler AG, executivo da Great Wall informou que mais de quatro bilhões de Reais seriam investidos no Brasil nos cinco anos seguintes, com a meta de ampliar a capacidade anual da fábrica para 100.000 unidades, formar rede de assistência técnica e lançar linha de picapes e utilitários esportivos; a força de trabalho chegaria a 2.000 empregados em 2025.  Dois meses depois a empresa confirmou que a operação brasileira seria iniciada com veículos híbridos e elétricos importados, sendo seguida pela produção nacional, que aconteceria “em algum momento no primeiro trimestre de 2023“. (Em paralelo, a Prefeitura de Iracemápolis estendeu por mais 20 anos a concessão dos benefícios fiscais oferecidos à Mercedes-Benz – isenção total de IPTU e ITBI e 50% de ISS.)

Este cenário ficaria mais claro em janeiro de 2022, durante evento público na fábrica de Iracemápolis, aberto com a afirmação “não somos a última montadora a entrar no mercado brasileiro, somos a primeira de uma nova era”. Segundo as informações divulgadas na ocasião, a essência do planejamento da Great Wall para a operação brasileira poderia ser resumida nos dez pontos seguintes: (i) esta será a maior fábrica da marca fora da China e a única no Hemisfério Sul exclusivamente dedicada a “veículos com motorizações verdes”; (ii) o investimento ultrapassará 10 bilhões de Reais até 2032, com o objetivo de tornar o Brasil um hub importante na política global da empresa e base de exportação para toda a América do Sul; (iii) 4,4 bilhões serão aplicados ao longo do primeiro ciclo, entre 2022 a 2025, para elevar a capacidade fabril, implantar conceitos de Indústria 4.0 na linha e desenvolver rede de recarga; (iv) serão criadas 130 concessionárias, até o fim do primeiro semestre de 2023, cobrindo 112 cidades em todo o território nacional; (v) a operação será iniciada em setembro de 2022, com veículos importados da China; (vi) só serão disponibilizados veículos híbridos e elétricos; (vi) serão lançados dez modelos até 2025 (importados e nacionais), concentrados em três marcas: Haval (utilitários esportivos urbanos), Tank (utilitários esportivos de luxo e fora-de-estrada) e Poer (picapes médias); (vii) todos os modelos são inéditos, membros da nova geração a ser apresentada no Salão do Automóvel de Pequim, em abril; (viii) não haverá modelos “de entrada”, somente de categorias médias e superiores; (ix) o primeiro Great Wall nacional será apresentado em junho de 2023; (x) em 2025 será atingida a meta de nacionalização de 60%.

Novos detalhes sobre os planos da empresa seriam divulgados em maio, durante o Seminário Compras Automotivas 2022, promovido pela AutoData Editora. Além de revelar que o montante de investimentos anteriormente anunciado, de R$ 10 bilhões, incluía a aquisição da planta da Mercedes-Benz, foi descrito o modestíssimo projeto de nacionalização que, se concretizado, fará o país regredir mais de seis décadas, ao status dos anos de lançamento da nossa indústria automobilística.

Segundo a Great Wall – que passou a pleitear imposto zero para veículos elétricos, tanto importados quanto produzidos no país -, a agregação de componentes nacionais se dará em quatro etapas: na primeira, prevista para o segundo semestre de 2023, os veículos serão importados da China sob regime SKD, já pintados, e aqui “poderão dispor de pneus, rodas e vidros nacionais“, atingindo 10% de conteúdo local; na segunda, sob regime CKD, a nacionalização chegará a 25%, abrangendo “sistema de exaustão, tanque, peças de interior, painel, bancos“, pintura e montagem bruta e final; na terceira, em 2026 (e não mais 2025), o índice poderá alcançar 50%, ao incluir componentes estampados e injetados para a carroceria e chicotes elétricos. Somente então se pensaria na nacionalização de trem de força e sistemas elétrico e de refrigeração.

Em paralelo, no mês de março a empresa anunciou a implantação, até o final de 2023 e com recursos próprios, de rede de cem postos de recarga alimentados por energia solar no estado de São Paulo, para uso gratuito por veículos elétricos e híbridos de qualquer modelo ou fabricante; em uma segunda fase a rede seria expandida para o restante do país. Quanto à rede de concessionárias, em novembro foi comunicada a contratação de 28 grupos empresariais, responsáveis pela instalação, até o primeiro semestre de 2023, dos primeiros 50 pontos de venda e assistência no país.

 

O que houve de novo a partir de 2023





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