GARCIA |
Uma das maiores empresa de ônibus do país, a Viação Garcia foi criada em janeiro de 1934, em Londrina (PR), quase um ano antes da própria fundação do Município, que somente ocorreria em dezembro. O interior do Paraná de então era uma vasta área inexplorada, sem infraestrutura e com população rarefeita, mal começando a se abrir como nova fronteira agrícola para a insaciável cultura do café. Era “o novo Eldorado”.
Com o nome Companhia Rodoviária Heim & Garcia, a empresa foi fundada por dois imigrantes – o mecânico alemão Mathias Heim e o espanhol Celso Garcia Cid. Pioneiros em uma região quase selvagem a ser desbravada, desde o início a dupla procurou soluções próprias e locais para as oportunidades que surgiam. Assim foi com seu primeiro “ônibus” – um caminhão leve Ford 1932 de propriedade de Celso, que recebeu carroceria de madeira para o transporte de passageiros construída na oficina de marcenaria “dos Ziober” – certamente também família de imigrantes e pioneiros.
Em 1937, com a saída de Heim da sociedade, a razão social foi alterada para Empresa Rodoviária Garcia & Garcia. O espírito inicial de pioneirismo, contudo, não foi abandonado e acompanhou a empresa por longos anos, quer, em vários momentos construindo suas próprias carrocerias, quer, a partir da década de 60, experimentando o que surgia de mais moderno e ousado no mercado de ônibus.
Foi assim com sua primeira frota regular de rodoviários, meia dúzia de caminhões médios Chevrolet, Ford e GMC 1940-42 com carrocerias de fabricação própria, com eles atendendo, por caminhos precários, as muitas novas cidades que iam surgindo no Norte e Oeste do Paraná ao longo da década de 40. Em 1942, para fazer frente à escassez de combustíveis causada pela II Guerra, um dos Chevrolet recebeu um aparelho de gasogênio construído na própria garagem da empresa. Apelidado “Pavão”, chegou a atender a longas ligações, de mais de 200 km, em até 16 horas. Seguindo a mesma concepção dos modelos anteriores (estrutura de madeira, linhas arredondadas, janelas sem vidraças, motor fora do salão), na transição entre as décadas de 40 e 50 o encarroçamento próprio foi retomado, agora sobre chassis mais pesados.
A frota da Garcia viveu radical modernização nos anos 50, com a adoção de chassis pesados e ônibus tipo coach, com motor integrado ao salão – fase igualmente marcada pela autoconstrução de carrocerias. Marcante foi o projeto de um carro no típico estilo dos coaches norte-americanos da época, montado sobre chassi Scania-Vabis L-71 importado. Na década seguintefoi construído um rodoviário com teto em dois níveis montado sobre chassi GM ODC-210 usado, de 1951, claramente inspirado no recém-lançado Nielson Diplomata.
A partir de 1964 a Garcia optou pela utilização de carrocerias de mercado. Escolhendo o que de mais moderno era então oferecido, optou pelo Diplomata, da Nielson, montado em chassis FNM. Por mais de 30 anos permaneceu fiel à encarroçadora catarinense (já então substituindo a FNM pela Scania), dela adquirindo modelos de todas as gerações disponíveis no período, até chegar aos seus primeiros double deckers. Mesmo modelos especiais foram construídos a seu pedido, como um articulado rodoviário e um Diplomata com seis faróis. A Garcia jamais se furtou, porém, a testar ou adotar propostas ousadas de outros fabricantes: foi a única grande operadora a utilizar uma unidade (das três produzidas) do revolucionário Carbrasa Flamingo, de 1970, e a primeira a adotar na frota o inédito Cobrasma Trinox, de 1983.
Em 1998 a Garcia passou a utilizar chassis Volvo equipados com as carrocerias da recém-chegada Irizar. Sua frota é hoje dominada por chassis Mercedes-Benz encarroçados pela Marcopolo.
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