EDRA |
Edra é um diversificado grupo industrial brasileiro instalado em Ipeúna (SP). Sua primeira empresa foi fundada em 1974, no município vizinho de Rio Claro, para produzir componentes de fibra de vidro para veículos e embarcações, dois anos depois sendo transferida para a localização atual. A partir de 1985 especializou-se na fabricação de reservatórios e tubos de grande diâmetro em plástico reforçado com fibra de vidro. A diversificação veio com o tempo, passando a compreender implementos rodoviários para o transporte de materiais corrosivos e perigosos (com tanques igualmente construídos em fibra), estações de tratamento de água e efluentes e sistemas de irrigação. Hoje o grupo compreende mais quatro empresas: Edra Aeronáutica (formação de pilotos, fabricação de hidroaviões, venda e manutenção de aeronaves importadas), Edra Equipamentos (painéis e stands de publicidade), Edra Eco Sistemas (produção de fibras naturais para peças técnicas) e Edra Automotores.
Em 1989 foi criada a Edra Veículos Especiais, precursora da Edra Automotores. Sediada em Rio Claro, tinha o intuito de projetar e fabricar utilitários e carros esportivos. O primeiro produto foi um jipe 4×4, apresentado em 1990: o Edra Rancho TT, utilizando mecânica diesel Maxion (mais tarde também Perkins) aspirada ou turbo, respectivamente com 89 e 110 cv. O carro, com duas portas e capacidade para quatro passageiros, era montado sobre chassi tubular com longarinas de perfil retangular e travessas cilíndricas; a carroceria era construída em chapa de aço dobrada e dispunha de santantônio tubular de segurança. Tinha quatro marchas sincronizadas (opção de cinco) com reduzida, diferenciais de deslizamento progressivo, roda-livre (de engate manual), freios a disco nas quatro rodas e suspensão por molas semi-elípticas e amortecedores. Havia uma versão picape, com cabine moldada em plástico reforçado com fibra.
O jipe podia ser fornecido com duas distâncias entre-eixos (3,68 e 4,38 m), teto rígido de fibra ou capota de lona. Eram equipamentos de série bancos anatômicos com encosto de cabeça, cintos de segurança retráteis e painel de instrumentos completo, incluindo relógio de quartzo. A revista 4 Rodas testou o jipe em 1990, ainda como protótipo, e entusiasmou-se com os resultados: comparado com o CBT Javali, Engesa EE-4 e Toyota Bandeirante, o Edra obteve o melhor desempenho em aceleração e retomada, o maior torque, menor consumo e segundo menor preço; o curso da suspensão igualava-se ao excelente Engesa, sendo incomparavelmente superior aos demais. A revista também destacou os dotes de estanqueidade da carroceria, permitindo a travessia de lâminas d’água com profundidade superior a meio metro. Os utilitários Edra foram fabricados em pequenas quantidades por três anos, após os quais tiveram os direitos de produção vendidos para a cearense Nissin.
Naquela altura, o esportivo já começara a ser desenvolvido. O carro utilizaria motor Santana 2.0 turbo com injeção, e desde 1990 o chassi já estava definido e os primeiros moldes realizados. Previsto para lançamento nos seis meses seguintes, o carro só viria a ser apresentado, ainda como protótipo, dez anos depois. Muito bem concebido, o Edra GT trazia o que havia de mais atualizado em engenharia automobilística para a categoria: motor entre-eixos, câmbio traseiro (cinco marchas), suspensão independente nas quatro rodas (duplo triângulo e molas helicoidais), chassi tubular revestido de chapa de aço. Para a construção da carroceria, confeccionada em material composto (plástico enrijecido com fibra de vidro, fibra de carbono e espuma de PVC), a Edra utilizou o know how de sua subsidiária aeronáutica. O resultado foi um carro muito bem acabado, com encaixes bem feitos, sem folgas e irregularidades na junção dos componentes e nas superfícies do corpo do veículo. Com 3,9 m de comprimento e apenas 1,19 m de altura, o esportivo foi apresentado em três versões: GT, com motor AP 1800 a álcool do VW Gol, com ou sem turbo (180 ou 99 cv) e freios a disco na frente, e GT-R, para competição, com motor AP 2000 turbo intercooler e injeção eletrônica multiponto, 225 cv e freios a disco nas quatro rodas (ventilados na frente).
A Edra ainda não colocou o esportivo em produção. A empresa não abandonou, porém, o segmento de automóveis de alto desempenho, desenvolvendo e fornecendo componentes para veículos de competição, entre os quais carrocerias plásticas para protótipos de provas Brascar.
Privilegiando os veículos utilitários, a Edra projetou e em 2005 lançou nova família de carros para todo-terreno, à qual chamou Mog. Equipada com motores Honda de quatro tempos refrigerados a ar com um ou dois cilindros (390 cm3 e 13 cv, 620 cc e 20 cv), a família era composta de cinco modelos, todos eles com caçamba ou plataforma traseira: CS (1,94 m de distância entre eixos, dois passageiros e 350 kg de carga), CD (2,57 m entre eixos, quatro passageiros, mais 350 kg), Cargo (2,32 m, dois passageiros, 500 kg), Sport (modelo CS para lazer, mais equipado e disponível apenas na versão mais potente) e CD adaptado para o transporte de cadeiras de rodas.
Motor, transmissão automática CVT e conversor de torque (apenas com marcha à frente, neutro e ré) ficavam localizados sob a plataforma de carga. A suspensão, com grande curso, era composta de molas helicoidais, triângulos sobrepostos à frente e eixo rígido atrás. O diferencial dispunha de bloqueio mecânico e os freios eram hidráulicos a tambor, nas quatro rodas. Tinha chassi tubular e carroceria de fibra de vidro com estrutura de proteção contra capotamento, barra lateral de proteção contra impactos, cintos de segurança retráteis de três pontos e bancos com encosto para cabeça.
Mais recentemente, em conjunto com a concessionária paulista de energia CPFL, a Edra desenvolveu um utilitário elétrico, apresentado no final de 2009 com o nome Aris. A arquitetura do chassi (construído em alumínio) era semelhante à do modelo Mog, com igual suspensão e motor de tração sob a caçamba, acoplado ao eixo rígido traseiro. No caso do Aris, no entanto, se tratava de uma unidade elétrica de origem italiana, com 18 cv, alimentada por baterias de lítio de 84 V, importadas da China (nacionalizadas em 2012). Equipado com carroceria de fibra de vidro e freios dianteiros a disco, o veículo tinha autonomia de 180 km e 350 kg de capacidade de carga.
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