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A Deutz (lê-se dóitz) foi uma das empresas do grande conglomerado industrial alemão Klöckner-Humboldt-Deutz AG. A firma foi fundada em 1864 por Nikolaus Otto, personalidade que oito anos depois inventaria o motor de combustão interna a quatro tempos – universalmente conhecido como motor Otto. Em 1907 a empresa (que ainda tinha o nome original – N. A. Otto & Cie.) começou a fabricar motores diesel em série. Em 1921 a razão social mudou para Maschinenfabrik Deutz AG; em 1926 iniciou a produção de tratores agrícolas e, em 1936, ao adquirir a C. D. Magirus AG, também de caminhões. Em 1985 assumiu o controle do fabricante de motores MWM e, no ano seguinte, da divisão de máquinas agrícolas da norte-americana Allis-Chalmers. Hoje a Deutz está focada na produção de motores, tendo se desfeito dos demais ramos de negócio: em 1975 a Magirus e a divisão de caminhões e ônibus da Fiat italiana uniram-se para formar a Iveco; e em 1989 a Deutz-Allis foi vendida para um grupo de investidores dos EUA, dando origem à AGCO.

A empresa alemã participou da história da indústria automotiva brasileira, fabricando motores, tratores e chassis de ônibus, estes sob a marca Magirus. Para a produção dos dois primeiros, foi constituída a Otto Deutz Motores e Tratores Ltda., que submeteu ao Geia um plano de nacionalização, aprovado em 1960, que previa a fabricação, até junho de 1962, de 1.500 tratores pesados (2,5 t) com motor diesel refrigerado a ar de 50 cv. A Deutz acabou por subdividir os dois negócios, criando empresas independentes para a fabricação de motores (a Otto Deutz S.A., em Guarulhos, SP) e tratores (Demisa – Deutz-Minas S.A., em Contagem, MG, em sociedade com empresários daquele Estado).

O primeiro trator foi lançado em 1961, com 75% de nacionalização. Apresentado no II Salão do Automóvel, no final daquele ano, era o DM-55, de 2,8 t, com motor diesel de três cilindros em linha refrigerado a ar, 3.990 cme 55 cv; o equipamento tinha bitolas de largura variável e caixa de cinco marchas à frente e uma ré. Em 1964, duas novidades: saiu um modelo mais potente, o DM-75, de 3 t, com motor de quatro cilindros em linha, 5.320 cme 75 cv; e a Demisa teve aprovado pelo Geimec seu projeto de trator de esteiras DL-75 – o primeiro a ser fabricado no país (o protótipo foi apresentado no IV Salão do Automóvel, no final daquele ano, equipado com lâmina e pá carregadeira e com promessa de lançamento poucos meses depois, porém não chegou a ser industrializado). A linha de tratores agrícolas foi completada em 1965 com o leve DM-40, de 2,0 t e 40 cv, sempre com câmbio de cinco marchas.

Graças à fábrica de motores de Guarulhos, a Deutz era a única marca de tratores do país, dentre as seis então existentes, equipada com propulsores de fabricação própria (os demais recebiam motores Mercedes-Benz, MWM ou Perkins). Além dos já citados, a Otto Deutz fabricava unidades de seis cilindros em linha, sempre refrigeradas a ar, com 6.120 cme 125 cv, utilizadas nos chassis Magirus. Nos anos seguintes os sistemas de injeção e combustão dos três motores foram revistos e melhorados, sendo a potência elevada para 65, 90 e 150 cv, respectivamente. (Em conseqüência, os modelos DM-55 e 75 foram renomeados DM-65 e 90.)

Apesar do relativo sucesso de sua linha de tratores, com produção média anual em torno de 900 unidades (pouco mais de 8.700, em dez anos de atividade, com o pico de 1.420 unidades em 1964), a Deutz alemã acabaria por desistir de suas operações no Brasil. Em 1969 a produção de tratores foi assumida pela matriz e transferida para Guarulhos, onde foi mantida até 1971 (1.473 foram ali fabricados). A fábrica de Contagem foi vendida para a Fiat em 1970 (lá a empresa italiana daria início à produção de máquinas de construção, negócio que se transformaria na hoje sólida CNH).

Em 1972 a Otto Deutz abandonou definitivamente seus negócios no Brasil, quando também a produção de motores foi suspensa e as instalações repassadas para a Cummins (coincidentemente, foi nessa fábrica que também a Cummins escreveu sua história de sucesso, chegando ao século XXI como líder no fornecimento de motores diesel à indústria automobilística brasileira).

A partir de 1988, tratores Deutz de origem argentina passaram a ser fabricados no Brasil pela Agrale, constituindo as linhas média e pesada da empresa gaúcha, que até então só produzia equipamentos de pequeno porte. Em 1999 também as fábricas argentinas da Deutz foram desativadas e o fornecimento de tratores e colheitadeiras destinados àquele mercado (já então comercializados com a marca AGCO Allis) transferido para as unidades fabris brasileiras da AGCO.





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