COBRASMA
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Tradicional fabricante brasileiro de equipamentos metro-ferroviários, com instalações em Osasco e Sumaré (SP), a Cobrasma S.A. foi fundada em 1944. De seu grupo controlador também fazia parte a Braseixos, importante fornecedora da indústria automobilística, para a qual desde 1957 produzia eixos e autopeças, fundidos e forjados.
Participando de um setor historicamente sujeito a crises cíclicas, vivendo enorme oscilação nas encomendas, a Cobrasma sentiu fortemente a recessão que abateu a economia brasileira no início da década de 80, se vendo obrigada a demitir entre 1980 e 83, 35% de seus 17.000 empregados. Buscando uma saída, já em 1981 e empresa iniciou consultas junto a grandes operadores de transporte sobre seu eventual interesse em um ônibus monobloco com carroceria de aço inoxidável e motorização Cummins.
Aproveitando o espaço deixado no mercado pela crise por que passava a Ciferal, que acabara de perder a Cometa como sua principal cliente rodoviária, a Cobrasma acabou por optar pela diversificação, entrando no ramo das carrocerias de ônibus com o lançamento, no início de 1983, do imponente rodoviário de três eixos Trinox. Para marcar a diferença entre seus veículos e o restante do mercado, efetivamente lançou mão do domínio que possuía na tecnologia de construção de carros de trens e metrô em aço inoxidável, apresentando uma carroceria monobloco com estrutura e revestimento externo (exceto teto) confeccionados em chapas daquele material.
Com 13,2 m de comprimento e dotado de mecânica Scania (motor turbo com 305 cv) e 3º eixo fornecido pela Braseixos, o Trinox possuía grande bagageiro passante, com portas de acionamento pantográfico e 11,7 m³ de volume; a área envidraçada, entretanto, era desproporcionalmente pequena para o porte do veículo e o acabamento interno pouco atraente. Os planos otimistas da Cobrasma previam a fabricação, a curto prazo, de 30 unidades mensais na unidade de Sumaré; apesar do peso mais reduzido, maior resistência a esforços dinâmicos e nenhum risco de corrosão, o preço elevado do Trinox (30% superior ao da concorrência) frustrou as expectativas de venda e apenas 15 unidades foram vendidas até o final de 1985.
Em 1984, ainda mirando minimizar a capacidade ociosa de suas instalações, e alinhando-se aos planos federais – que logo se veriam frustrados – de ampliar a utilização do transporte eletrificado no país, a Cobrasma começou a desenvolver um protótipo de trólebus em conjunto com a Brown Boveri, fabricante suíço de material elétrico. O veículo também teria carroceria em aço inox, chassi próprio, suspensão pneumática, eixos Braseixos e motor elétrico e sistemas de controle Brown Boveri. Entretanto, foi com a Tectronic (do grupo Engesa) que a Cobrasma se consorciou, no ano seguinte, para concorrer (e vencer) a licitação para o fornecimento de 46 veículos de 12,0 m para a frota a ser operada pela Companhia do Metrô no corredor ABD (São Paulo – Santo André – São Bernardo – Diadema), na região metropolitana de São Paulo. Em 1986, como resultado de outra licitação, dividiria com a Mafersa o fornecimento de trólebus articulados para operação pela CMTC, na cidade de São Paulo; neste caso, porém, o projeto foi suspenso e o fornecimento não aconteceu.
Tentando melhorar a participação no mercado rodoviário, o que exigia a redução do preço de seus produtos, em março de 1986 a Cobrasma lançou o CX 201, com 13,2 m de comprimento e 3,5 m de altura, montado sobre chassis Volvo ou Scania; com apenas dois eixos, a estrutura da carroceria permanecia de aço inoxidável, porém o revestimento passava a ser em alumínio (o Trinox continuava a ser produzido sob encomenda). Procurou-se dar um pouco mais de requinte ao interior, com estofamentos em tecido navalhado.
No ano seguinte o CX recebeu duas novas versões: 202 (12,0 m de comprimento e 3,0 m de altura) e 301 (com três eixos); em 1988 foi lançado o 204, para chassis Scania com motor dianteiro. A empresa também planejava desenvolver uma versão monobloco. Apesar da redução de preço, a produção se manteve em níveis excessivamente reduzidos (101 unidades em 1987 e 167 no ano seguinte, mais de 30% das quais para o desprestigiado mercado de reencarroçamento), o que levou a Cobrasma a se retirar do mercado de ônibus em março de 1990.
Em paralelo à produção de ônibus e material ferroviário, sempre em busca da diversificação, a Cobrasma tentou se inserir em outros setores da economia. Assim, a partir de 1985, em associação com a alemã MAN-GHH construiu algumas unidades de equipamentos LHD (pás carregadeiras autopropelidas de altura reduzida, para operação no interior de minas) – o modelo LF4, com caçamba de 2 m³ e acionamento elétrico ou diesel. A empresa, que em médio prazo pretendia nacionalizar o restante da linha de mineração subterrânea da MAN-GHH, não resistiu por muito tempo à instabilidade do mercado e entrou em concordata em 1991. A despeito de dois anos depois já ter revertido a situação, acabou por encerrar definitivamente as atividades em 1996.
- Grupo industrial diversificado, a primeira incursão da Cobrasma no setor rodoviário se deu na década de 50, com a fabricação de reboques para caminhão; o anúncio é de 1953 (fonte: Jorge A. Ferreira Jr.).
- Propaganda Cobrasma de 1962 anunciando a quinta-roda de sua produção.
- Trinox, o primeiro ônibus fabricado pela Cobrasma em sua versão inicial.
- A primeira carroceria Trinox (fonte: Jorge A. Ferreira Jr.).
- Versão final do Trinox, com faróis sobrepostos, aqui sobre chassi Scania K 112.
- Publicidade de lançamento da carroceria Trinox (fonte: Jorge A. Ferreira Jr.).
- Trinox de segunda geração na frota da paranaense Viação Garcia (foto: Marcello Mussi / onibusbrasil).
- O mesmo carro da Garcia, estacionado na rodoviária de Londrina (PR) (foto: Tadeu Carnevalli).
- Desenho artístico de divulgação do trólebus Cobrasma; note, na dianteira, a inscrição ainda indicando a Brown Boveri como fornecedora do sistema elétrico.
- Trólei Cobrasma apresentado nas cores da Transerp quando, em 1988, a concessionária pública de Ribeirão Preto (SP) planejava expandir sua frota (fonte: Ivonaldo Holanda de Almeida).
- Protótipo do bem desenhado trólebus Cobrasma.
- Trólebus Cobrasma na frota da CTA, de Araraquara (SP) (fonte: site trolebusbrasileiros).
- CX 201, sobre chassi Volvo, da última geração de rodoviários Cobrasma.
- A nova carroceria foi lançada em 1986, ano desta publicidade (fonte: Jorge A. Ferreira Jr.).
- Cobrasma CX 201 quando de sua apresentação oficial (fonte: Transporte Moderno).
- Folder de propaganda da Volvo ilustrado pelo ônibus Cobrasma CX 201 (fonte: Jorge A. Ferreira Jr.).
- Cobrasma CX 201 em publicidade de dezembro de 1988 (fonte: João Luiz Knihs).
- CX 201 em chassi Volvo B10M do Expresso Araguari, da cidade mineira de mesmo nome (foto: Ailton Florencio da Silva; fonte: Ivonaldo Holanda de Almeida / dbpbuss).
- Outro Cobrasma sobre o mesmo chassi Volvo da Araguari, este com rodas raiadas (foto: José Augusto de Souza Oliveira; fonte: Ivonaldo Holanda de Almeida / dbpbuss).
- CX 201 também sobre Volvo B10M da Viação São Raphael, de São José do Rio Preto (SP) (foto: Marcio Miguel / revistaportaldoonibus).
- Este CX 201 da Nacional Expresso, de Uberlândia (MG), também utilizava chassi Volvo B10M (foto: William Gimenes / onibusbrasil).
- Igualmente sobre Volvo B10M, este Cobrasma pertenceu ao Rápido Serra Dourada, de Serra Negra (SP) (fonte: Carga).
- Utilizando o mesmo chassi Volvo B10M, este CX 201 pertenceu à operadora Brasileiro Transporte e Turismo, de Fortaleza (CE) (foto: Luciano Formiga / mob-ceara).
- CX 201 em chassi Scania K 112 CL na frota da operadora cearense Expresso de Luxo, de Fortaleza (fonte: portal mob-reliquias).
- Um CX 201 do Expresso Araguari utilizando o mesmo modelo de chassi Scania (fonte: Ivonaldo Holanda de Almeida / dbpbuss).
- CX 201 sobre Scania K 112 CL do Expresso de Prata, de Bauru (SP) (foto: Marcos Magalhães / onibusbrasil).
- Um segundo Cobrasma do Expresso de Prata, com a mesma mecânica Scania (foto: Vilmar Ramos / onibusbrasil).
- Um dos dois Cobrasma em chassi Scania K 112 CL adquiridos pela Auto Viação 1001, de Niterói (RJ) (fonte: Alex de Souza).
- Cobrasma CX 201 2000 do fabricante de motocicletas Yamaha; matriculado em Guarulhos (SP), foi fotografado em Juiz de Fora (MG) em 2003 (foto: Victor Almeida Ferreira).
- CX 201 1988, com a frente levemente alterada, encontrado em Juiz de Fora (MG) em agosto de 2004 (foto: Jorge A. Ferreira Jr.).
- Cobrasma CX 301 em chassi Volvo B10M da Viação Planalto de Campina Grande, de Campina Grande (PB), atendendo à linha Brasília-Mossoró (RN) (foto: Marcos Magalhães / onibusbrasil).
- Utilizando o mesmo chassi Volvo B10M, este CX 301 pertenceu à MercoSul Turismo, de Alegrete (RS) (foto: Sérgio Augusto Braga Canuto / onibusbrasil).
- CX 301 sobre Scania K 112 TL nas cores da distribuidora de combustíveis gaúcha RodOil; fotografado em Fortaleza (CE), teria pertencido à operadora cearense Fretcar (fonte: portal fortalbus).
- Procurando ampliar sua pequena participação no mercado, a Cobrasma desenvolveu o CX 204, para chassis de motor dianteiro; este exemplar, sobre Scania S 112, pertencia à empresa cearense Vipu (fonte: site onibuseiro).
- Os últimos ônibus Cobrasma tiveram a frente bastante simplificada, como este, também sobre Scania de motor dianteiro, da empresa piauiense F. Cardoso (foto: Flávio Rodrigues Silva).