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CENTAURUS | galeria

Pequeno carro com três rodas derivado do VM 400, projetado pelo engenheiro romeno Theodor Darié, então chefe da Divisão de Estudos e Registros da FNM. Assim como seu predecessor, o Centaurus era um conversível de cinco lugares (três à frente e dois atrás) com capota de lona, estrutura tubular e carroceria em chapas de aço soldadas. O motor era o mesmo monocilíndrico de dois tempos refrigerado a ar com 400 cm3 e 16 cv, projetado e fabricado por Darié e anteriormente utilizado no VM 400. Da mesma forma que este, o Centaurus tinha o motor montado sobre a roda única dianteira, que também era direcional (o novo modelo não escondia essa característica, que era escamoteada no VM 400 pela carenagem da carroceria, que encobria o grupo motriz).

Além do aspecto estético (piorado), o Centaurus diferenciava-se do VM 400 (para melhor) nos seguintes itens: direção na posição tradicional (volante à esquerda, ao invés de manche central), caixa de seis marchas à frente e duas a ré e freios a disco nas rodas traseiras; o carro também ganhou 400 kg de capacidade de carga, alcançando peso total de 900 kg. As demais características permaneceram as mesmas: transmissão entre motor e roda por correias em V, embreagem centrífuga automática e suspensão traseira independente por elementos de borracha. Pioneiro da indústria automotiva brasileira, Darié inspirava-se em Henry Ford, defendendo a tese de que “a primeira característica do carro nacional necessária a marcar efetivamente o início da motorização maciça no Brasil deverá ser um preço muito baixo, que corresponda somente a 5 ou 6 meses de salário médio do operário qualificado“. Daí a concepção e construção simplificadas de seus autos.

Este primeiro Centaurus foi construído em 1956 nas oficinas da Induco, fabricante dos elevadores Shepard, cujos proprietários sentiram-se atraídos pelas iniciativas e pela capacitação técnica de Darié e ajudaram-no a montar, em conjunto com o carro, protótipos de dois motores bicilíndricos de dois tempos refrigerados a ar, com 25 cv (Centaurus-Major) e 37 cv (Super-Centaurus).

Os empresários tinham, porém, planos mais ambiciosos: em 1958 fundaram a Automóveis e Motores Centaurus S.A., alugando instalações industriais em Campinas (SP) e, sempre com a colaboração de Darié, apresentaram novo carro no II Salão do Automóvel, em novembro de 1961 – um pequeno conversível de dois lugares a um só tempo avançado e extravagante, a começar pela carroceria, sem peças estampadas, para simplificar a produção, porém com oito faróis e faroletes montados numa dianteira cheia de cantos vivos e grande para-brisa panorâmico de acrílico. Montado sobre chassi tubular, o carro era construído “com chapas de alumínio e fibras de madeira, prensada e temperada“.

O automóvel era equipado com dois motores de dois cilindros refrigerados a ar montados na traseira (dois tempos, 800 cm3 e 30 cv), cada um deles acoplado a uma das rodas através de um sistema de transmissão direta e automática, dispensando embreagem, caixa de marchas e diferencial. A suspensão era independente, com elementos de borracha trabalhando sob compressão. O segundo Centaurus também não passou da fase de protótipo. Sua mera exposição no Salão, porém, satisfez os propósitos mais imediatos dos proprietários da empresa, dando visibilidade à marca e permitindo-lhes anunciar novos produtos e dar início, mais adiante, a uma campanha de captação de poupança pública mediante venda de quotas de participação.

Assim, já em janeiro de 1963 a Centaurus anunciava novo veículo “para o primeiro semestre” (Darié já se afastara da empresa). O desenho estampado na propaganda não tinha nenhum compromisso com a realidade, como se veria pouco depois: tratava-se de uma picape com linhas muito modernas, cheia de superfícies curvas, envolvendo complexos componentes estampados e grandes para-brisas panorâmicos, que jamais seria fabricada. O anúncio citava um novo motor de quatro cilindros e quatro tempos (que, de fato, seria utilizado no lançamento seguinte) e concluía com a chamada: “dê aos que trabalham para o engrandecimento do Brasil, o seu incentivo e o seu entusiasmo. Procure saber como colaborar com a Automóveis e Motores Centauro“.

O novo veículo só seria lançado no IV Salão, no final de 1964. Pela primeira vez se tratou de um carro convencional, um jipe com carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro, chassi tipo escada, tração traseira, freios a tambor nas quatro rodas e suspensão por feixe de molas. O motor ainda era refrigerado a ar, porém a quatro tempos, com quatro cilindros, 1.816 cme 54 cv; a caixa tinha três marchas à frente e ré (2e 3sincronizadas). Dois modelos estariam disponíveis: Agrário e a versão militarizada Milico, diferenciando-se pelo acabamento e pelas dimensões, menores no modelo militar (entre-eixos de 2,05 vs 2,30 m; comprimento total 3,27 vs 3,75 m).

Em março de 1965 foram entregues as primeira unidades, porém a empresa continuou sua campanha de captação de cotistas, até encerrar as atividades em 1968. Não há registro de quantos jipes Centaurus foram fabricados nem do montante de capital arrecadado na venda pública de cotas.





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