CASARI |
O piloto paulista Norman Casari destacou-se nos circuitos brasileiros da década de 60, especialmente ao volante de carros DKW e Malzoni. Foi ele quem, na manhã de 29 de junho de 1966, no Rio de Janeiro, conduziu o Carcará ao primeiro recorde brasileiro de velocidade reconhecido pela FIA – 212,9 km/h. Residindo em Petrópolis (RJ), produziu karts e, a partir deles, um minicarro – o Fórmula Casari –, réplica infantil dos monopostos de F1 com o qual organizava competições no kartódromo da Barra da Tijuca.
Em 1968 decidiu construir seu próprio carro de competição, um spyder biposto. Sua idéia inicial era utilizar o chassi do Carcará e a carroceria de um AC acidentado. Ao iniciar os trabalhos em janeiro do ano seguinte, porém, optou por um chassi tubular de desenho próprio, com freios a disco nas quatro rodas e amortecedores reguláveis, ainda que aproveitando alguns componentes de suspensão do Carcará. Do AC, preservou a dianteira de fibra de vidro, construindo o restante da carroceria em alumínio. Primeiro protótipo nacional de grande cilindrada, o A1 recebeu motor V8 de 4,8 litros do Ford Galaxie, montado na traseira, com quatro carburadores e cerca de 300 cv de potência. O câmbio era um ZF com cinco marchas.
Em 1970 a equipe de Casari recebeu um novo carro – o A2, para ele construído por Renato Peixoto (o “Martelinho de Ouro”). Ainda um spyder biposto com carroceria de alumínio, utilizava mecânica de um Fórmula Ford de sua propriedade montada num chassi tubular de fabricação própria. A configuração final foi motor inglês Ford Cortina 1.6, carburador duplo e 100 cv, suspensão independente e freios a disco nas quatro rodas. (Mais tarde, com a dissolução da equipe de competição de Casari, o A2 passou a ser chamado Repe 227 – a marca Repe derivando do nome Renato Pessoa.)
Seus carros não obtiveram muito sucesso nas corridas. Com o A1, porém, Casari voltou a bater o recorde brasileiro de velocidade em setembro de 1971, atingindo a média de 238,98 km/h, marca que só seria novamente quebrada vinte anos mais tarde. O A1 foi recentemente restaurado e hoje compõe o acervo do Museu do Automobilismo Brasileiro, em Passo Fundo (RS). Norman Casari faleceu nos últimos dias do ano de 2005, em Petrópolis.