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A Carbruno S.A. Indústria e Comércio, de São Paulo (SP), foi importante fabricante de “carroçarias sob encomenda para veículos em geral“, muito atuante entre os anos 50 e 70 e uma das pioneiras na adaptação de veículos, principalmente ônibus, picapes e VW Kombis, para utilizações especiais. Sua produção-tipo consistia da transformação de utilitários em caminhonetas, ambulância, “rádio-patrulha”, postos de atendimento médico, stands de vendas e oficinas móveis. Foi de sua autoria a Kombi adaptada em motor-home apresentada pela Volkswagen no I Salão do Automóvel, em 1960.

Dentre suas criações mais originais, ainda nos primórdios de nossa indústria automobilística, está o aumento da altura interna da Kombi, mediante a elevação do teto e a montagem de um conjunto adicional de janelas sobre as laterais originais. Também foi um dos fornecedores oficiais de capotas de aço para jipes, sendo seu produto oferecido como equipamento original pela Toyota.

Eventualmente a Carbruno atendia a encomendas especiais, tais como a transformação de um monobloco rodoviário Mercedes-Benz em motor-home, em 1962, a pedido dos Diários Associados, destinado à equipe de jornalistas que faria a cobertura da Copa do Mundo de Futebol daquele ano, no Chile. Além das instalações usuais encontradas em veículos da categoria, tais como beliches, cozinha e banheiro com chuveiro, o ônibus recebeu uma estação radiofônica completa, com receptor e transmissor.

Em 1976 a Carbruno projetou uma linha de veículos utilitários leves, cujo protótipo foi mostrado no X Salão do Automóvel, naquele mesmo ano. Sua carroceria, com estrutura tubular e revestimento em fibra de vidro e chapas de alumínio, era montada sobre a plataforma da picape VW (alongada em 40 cm) com motor VW 1700 de 65 cv e dupla carburação. A empresa previa produzir 100 unidades mensais a partir do ano seguinte, em cinco versões: microônibus urbano (14 passageiros, bancos de fibra), turismo (10 poltronas reclináveis), escolar (18 lugares), motor-home e furgão para 1,4 t.

A fabricação foi logo iniciada, alcançando quatro unidades mensais em abril, prevendo-se substancial aumento após a inauguração de nova fábrica, também na capital paulista, programada para os meses seguintes. Tais planos não chegaram a se concretizar: logo depois, em agosto de 1977, a Carbruno entrou em concordata. Buscando ampliar o leque de produtos, em meados de 1979 lançou uma linha de carrocerias de caminhão tipo baú, para carga seca ou refrigerada, denominada Superglass, com estrutura de aço galvanizado e revestimento de placas de fibra de vidro isoladas com poliuretano.

Em setembro de 1979 a nova fábrica foi finalmente inaugurada, com capacidade para produzir cem furgões por mês – 55% em alumínio e 45% em fibra. As novas instalações não salvaram a empresa, que em março de 1980 teve a falência decretada. Seu engenhoso projeto de utilitário (que já fora então abandonado) teve vida longa, porém: transferido para a Marcopolo após a concordata, em 1978 foi relançado pela Invel, subsidiária especialmente criada em Porto Alegre (RS) para sua produção seriada.





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